Militares e policiais usam guarda-chuvas para proteger os meninos da luz ao transferi-los da ambulância para o helicóptero| Foto: LILLIAN SUWANRUMPHAAFP

*Reportagem atualizada às 11h49

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Mergulhadores iniciaram às 10h locais (zero hora no Brasil) desta terça-feira (10) a terceira fase da operação de resgate dos garotos de um time de futebol que ficaram presos em uma caverna inundada no norte da Tailândia. Por volta das 19h (9h no horário de Brasília), os quatro meninos e o treinador que ainda estavam na caverna já haviam sido libertados, segundo informou a Marinha Tailandesa.

“Nós não temos certeza se isso é milagre, ciência, ou seja o que for. Todos os 13 Javalis Selvagens (nome da equipe de futebol) agora estão fora da caverna”, diz a unidade SEAL da Marinha tailandesa em seu perfil do Facebook.

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"Estou tão feliz que nem consigo agradecer a todos que participaram", celebra Narongsak Osatanakorn, responsável por comandar o resgate.

Informações sobre a saúde do grupo resgatado nesta terça ainda não foram divulgadas, mas sabe-se que os cinco foram atendidos em uma unidade hospitalar de campanha montada na área da caverna e depois transportados para o hospital de Chiang Rai, onde se juntarão aos oito meninos resgatados no domingo e na segunda-feira. Todos ficarão internados em isolamento por no mínimo sete dias, o que significa que não poderão aceitar o convite da Fifa para assistir à final da Copa do Mundo na Rússia.

Três mergulhadores e um médico que estavam ajudando os rapazes também já saíram da caverna, segundo o comandante da missão de salvamento, Narongsak Osotthanakorn.

Leia mais: Segundo dia de operação: quatro meninos são resgatado de caverna inundada na Tailândia; agora 8 estão livres

A operação desta terça-feira envolveu 19 mergulhadores.

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Garotos de 11 a 16 anos e o treinador deles, de 25, ficaram presos na caverna depois que uma forte chuva inundou o local, no dia 23 de junho. Eles foram localizados nove dias depois, já desnutridos. A operação de resgate foi acelerada no fim de semana por causa da previsão de novas chuvas na região, o que poderia inviabilizar o resgate.

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Saúde

Médicos que atendem aos oito garotos resgatados no domingo e na segunda-feira afirmam que eles estão em boa saúde - um resultado incrível para meninos que passaram nove dias incomunicáveis e sem comida até serem encontrados e que esperaram mais alguns dias antes de voltar para a superfície em um mergulho de uma hora de duração, considerado perigoso por experientes mergulhadores de cavernas.

Um ex-oficial da Marinha morreu na sexta-feira (6) depois de ficar sem oxigênio enquanto colocava tanques de ar comprimido ao longo da rota de saída. 

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"Os médicos trataram os meninos e agora todos estão bem e alegres, e estão conversando normalmente", disse Jesada Chokedamrongsuk, do Ministério de Saúde Pública da Tailândia. Inicialmente, um dos garotos apresentava batimentos cardíacos muito lentos e alguns estavam com baixa contagem de leucócitos, mas desde então isso foi estabilizado. Dois foram tratados para infecções pulmonares menores e todos eles receberam tratamento para raiva, caso houvesse morcegos na caverna, e tétano. 

Ambulâncias do lado de fora do hospital de Chiang Rai, onde os meninos resgatados estão internados, estão preparadas caso seja necessária uma evacuação de emergência 
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Segundo a equipe médica, nenhum deles tem febre e todos conseguem comer normalmente as refeições receitadas. Um nutricionista está monitorando a dieta deles e recomendou que não comam nada picante ou salgado - apesar dos desejos dos rapazes por carne de porco e arroz de manjericão picante. 

À noite, os garotos puderam brincar, rir e conversar normalmente. Eles ainda estão em quarentena longe de seus pais, que os viram através de uma janela de vidro, mas não puderam tocá-los ou abraçá-los. Os meninos, no entanto, foram visitados na noite de segunda-feira pelo primeiro-ministro da Tailândia Prayuth Chan-ocha, que ficou a cerca de dois metros deles.

Como foi o resgate 

A equipe de mergulhadores guiou os meninos por quatro quilômetros de caminhos escuros e passagens inundadas até a entrada do complexo de cavernas Tham Luang. Quando foram encontrados, há mais de uma semana, eles estavam ilhados em uma das câmaras secas do local. Desde então, a equipe de resgate tem trabalhado para drenar a água de lá. 

Para serem libertados, os meninos e os socorristas que os acompanharam precisaram caminhar, passar por trechos alagados, escalar e mergulhar.

 
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De acordo com um gráfico divulgado pelo governo tailandês, dois mergulhadores acompanharam cada pessoa resgatada, que estava equipada com uma máscara facial conectada a um tanque de ar comprimido, levado por um dos mergulhadores. O mergulhador Ivan Karadzic, que ajudou no resgate, disse à CNN que os meninos também usaram várias roupas de mergulho durante o trajeto para “minimizar a perda de calor”, devido às baixas temperaturas no local. 

Em partes especialmente estreitas da caverna, que tem cerca de 60 cm de altura, os tanques foram retirados de suas costas e passados separadamente. Uma corda fosforescente também foi colocada na extensão da caverna para marcar a saída, já que a água é turva e lamacenta. 

Peter Dennis, do Conselho Britânico de Resgate em Cavernas, disse à BBC que os meninos foram basicamente sendo puxados pelos mergulhadores, que fizeram a maior parte do esforço nas partes alagadas da caverna. 

"Houve muitos comentários sobre eles precisarem aprender a mergulhar antes que pudessem sair. Bem, esse não é o caso. Eles estão essencialmente sendo puxados”, afirma Dennis. 

"Eles estão usando uma máscara de oxigênio que cobre todo o rosto para que possam respirar normalmente. (...) Isso foi primordial para que conseguissem sair com sucesso ontem[domingo]".

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Respondendo a boatos de que os garotos haviam tomado anestésicos, o primeiro ministro da Tailândia Prayut, Chan-o-chau, negou que isso tenha ocorrido e afirmou eles tomaram ansiolíticos para enfrentar a jornada de volta à superfície, “algo que fizesse com que eles não ficassem muito nervosos e em pânico” durante o mergulho.

 

Quem estava preso na caverna?

Membros do time juvenil do distrito de Mae Sai, na Tailândia. Eles são conhecidos como os Javalis Selvagens. A CNN divulgou uma lista com o nome de todos que ficaram presos na caverna:

Ekkapol Chanthawong, 25 anos, treinador da equipe de futebol

Adul Sam-On, 14 anos, estudante do 8º ano na escola Ban Wiang Phan do distrito de Mae Sai 

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Prajak Sutham, 14 anos, estudante do 8º ano na escola Mae Sai Prasitthisart 

Natthawut Thakhamsai, 14 anos, estudante do 8º ano na escola Mae Sai Prasitthisart 

Pipat Phothi, 15 anos, estudante na escola Ban San Sai 

Panumas Saeng-Dee, 13 anos, estudante da escola Mae Sai Prasitthisart 

Duangphet Promthep, 13 anos, estudante da escola Mae Sai Prasitthisart 

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Chanin Viboonrungruang, 11 anos, estudante da escola de jardim de infância Mae Sai 

Akarat Wongsukchan, 14 anos, estudante da escola Darunratwitthaya 

Peerapat Somphiangjai, 16 anos, estudante na escola Mae Sai Prasitthisart 

Ponchai Khamluang, 16 anos, estudante na escola Ban Pa Yang 

Somjai Jaiwong, 13 anos, estudante da escola Mae Sai Prasitthisart 

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Mongkol Boonpiam, 13 anos, estudante do 7º ano na escola Ban Pa Muat

Leia também: Quem é o treinador e ex-monge que ficou preso com os meninos em uma caverna na Tailândia

Como eles foram parar lá e quem os encontrou? 

Em 23 de junho, os jovens jogadores de futebol e seu treinador ficaram presos quando fortes chuvas inundaram a caverna enquanto eles a exploravam. O grupo foi encontrado em uma pequena câmara na caverna de Tham Luang na segunda-feira (2), depois de nove dias, inciando um esforço de resgate internacional que está envolvendo mais de mil pessoas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Especialistas em resgate de cavernas de todo o mundo se reuniram no local. Dentre os grupos estão equipes de australianos, americanos, britânicos e chineses. "Essas são condições desafiadoras e há muita consideração pela segurança, assim como a maneira como o ambiente externo está afetando o ambiente interno", disse a capitã da Força Aérea dos Estados Unidos, Jessia Tait, que fez parte de uma equipe de 30 militares americanos.

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Desde o dia em que foram encontrados, a comunicação com a família e com o mudo exterior ocorreu por meio de pequenas cartas e dos mergulhadores que estavam trabalhando na operação de salvamento. Dois vídeos dos meninos foram postados no perfil oficial dos SEAL da Marinha tailandesa; em um deles, eles contaram que estavam em bom estado de saúde apesar de famintos.

Em cartas que foi divulgadas pela imprensa no sábado, o treinador pediu desculpas aos pais das crianças. 

"Para os pais de todas as crianças, elas estão bem, a equipe está cuidando bem de nós. Eu prometo que vou cuidar das crianças da melhor forma possível. Quero agradecer por todo o apoio e pedir desculpas aos pais", escreveu Ekkapol. 

Os meninos também escreveram dizendo que estão bem e com saudade de suas famílias. Um deles disse: "Eu estou bem, está um pouco frio, mas não se preocupe. Não se esqueça de marcar a minha festa de aniversário". 

Outro, identificado como Tun, escreveu: "Mamãe e papai, por favor, não se preocupem, estou bem. Diga a Yod (provavelmente o nome de algum parente) para se preparar para me levar para comer frango frito. Com amor".

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Apoio internacional

Líderes mundiais, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e o bilionário inventor Elon Musk, que encarregou sua equipe de engenheiros para construir um "submarino do tamanho de uma criança" feito de partes de foguetes que poderiam mover os garotos através das estreitas passagens da caverna. Todos eles expressaram seu apoio e esperança pelo resgate dos meninos.

Na noite de segunda-feira, Musk postou no Twitter que "acabara de voltar" da caverna ainda alagada, com fotos do local de resgate.  "Deixando aqui, caso isso possa ser útil no futuro", escreveu, referindo-se ao "mini-submarino" que nomeou em referência ao time juvenil preso na caverna, os “javalis selvagens”.

Em um vídeo no Instagram, ele postou sua jornada através da caverna inundada, iluminada apenas por luzes de uma tocha.

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O gabinete do primeiro-ministro tailandês agradeceu a disposição de Musk em ajudá-los. Entretanto, o chefe da missão de resgate, Narongsak Osatanakorn, disse educadamente que, apesar de ser uma tecnologia sofisticada, o mini-submarino de Musk não era prático para a operação.