O segundo dia de negociações entre Irã e o grupo de seis potências (5+1) terminou nesta sexta-feira (8) sem que se tenha fechado um acordo sobre o programa nuclear iraniano e as conversas continuarão amanhã, disseram as partes no término de um intenso dia de reuniões.
Inicialmente estava previsto que a rodada de negociações durasse só dois dias, mas optaram por prolongá-la por mais um diante da clara possibilidade de chegarem a um acordo sobre medidas de aplicação imediata e de médio prazo pelo Irã para garantir os fins pacíficos de seu programa nuclear em troca do alívio das sanções econômicas que impostas pelo Ocidente.
"Estamos trabalhando duro" foi o único comentário que fez o secretário de Estado americano, John Kerry, ao retornar ao hotel depois da reunião tripartite que teve a participação também da responsável da política Externa da União Europeia, Catherine Ashton, e do ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif.
O porta-voz de Ashton disse que ela "manteve boas discussões com o secretário de Estado Kerry e com o ministro Zarif" e que amanhã haverá um novo encontro.
Já o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, o "número dois" destas negociações por seu país, afirmou que as conversas foram produtivas.
Durante o dia, os indícios de um acordo foram reforçados pela chegada - não prevista - de Kerry e de seus colegas da França, Laurent Fabius; do Reino Unido, William Hague; e da Alemanha, Guido Westerwelle.
Amanhã aterrissará em Genebra o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, para se incorporar ao lance final das negociações.
Embora os sinais alimentam um certo otimismo, tanto Fabius como Kerry enfatizaram no princípio da tarde que havia avanços e que eram importantes, mas que nem todos os temas estavam fechados, com diferenças que ainda persistiam.
O texto incorporaria, segundo fontes diplomáticas, medidas concretas que o Irã deveria cumprir de forma imediata, como deter o processo de enriquecimento de urânio até os 20% e fazer com que as reservas existentes deixem de ser utilizáveis.
Em troca se aliviariam as sanções econômicas contra o Irã, relacionadas com o bloqueio de fundos iranianos no exterior e com o comércio de minerais e produtos petroquímicos.
Segundo Zarif, para sua equipe é muito importante voltar a Teerã com um acordo que possa ser referendado pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
"Não poderia concordar algo se não achar que pode se manter quando voltar (ao Irã)", disse hoje Zarif ao "Breaking Defense ", veículo americano especializado.
Atualmente, o Irã conta com 18 mil centrífugas instaladas e dez mil que enriquecem urânio a pleno rendimento.
Esta tecnologia pode ser usadas para fins civis - energéticos e médicos, mas quando o refinamento do urânio alcança níveis mais elevados pode ser utilizado como o núcleo de uma bomba atômica.
O Irã nega que esta seja sua intenção, mas o clima de confronto alimentado pelo ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad durante seus oito anos no poder deram pouco espaço à comunidade internacional para avaliar seus verdadeiros propósitos.
A chegada do novo governo, liderado por Hassan Rohani, criou uma nova atmosfera, da qual poderia surgir o tão esperado acordo.
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