*informações atualizadas às 15h37 do dia 21 de setembro
Pelo menos 250 pessoas morreram após um terremoto de magnitude 7,1 atingir a Cidade do México e mais cinco estados na tarde desta terça-feira (19), doze dias após o país passar por um tremor que deixou 98 mortos. A nova tragédia coincide com o dia em que se completam 32 anos do sismo de 1985, que deixou 10 mil mortos. A região mais atingida é a mais populosa do México, com 41,2 milhões de pessoas, ou 34% dos habitantes do país. De acordo com o Itamaraty, dois brasileiros estão entre os feridos.
Daniel da Silva Martins e Sergio Ribeiro são professores de português e sofreram alguns ferimentos leves. Eles chegaram a ser hospitalizados, mas foram liberados logo em seguida.
Segundo o Serviço Sismológico Nacional, o terremoto ocorreu às 13h14 locais (15h14 em Brasília) e seu epicentro foi no continente, a 12 km de Axochiapan, no Estado de Morelos, a 120 km da capital, a 57 km de profundidade.
O governador local, Graco Ramírez, diz que 22 dos 33 municípios foram afetados e que milhares de construções foram abaixo. O diretor de Proteção Civil do governo, Luis Felipe Puente, chegou a dizer no Twitter que o número de mortos havia chegado a 248, mas voltou atrás uma hora depois, dizendo que 217 morreram.
Do total de vítimas, 117 morreram na Cidade do México, 55 no Estado de Morelos (que fica ao sul da capital do país), e 39 no Estado de Puebla - onde o abalo teve seu epicentro. Outras 12 pessoas morreram no Estado do México (que circunda a capital) e três no Estado de Guerrero. O número da Defesa Civil não incluiu uma morte no Estado de Oaxaca, anunciada por autoridades locais.
O chefe de governo da capital, Miguel Ángel Mancera, decretou estado de emergência na cidade. Ele disse que ao menos 49 prédios foram destruídos. Bombeiros, membros da Defesa Civil e moradores voluntários buscavam possíveis pessoas presas nos escombros das construções.
As regiões mais afetadas foram o centro — que concentra os prédios históricos — e a zona sul, que abarca tantos bairros afluentes quanto mais pobres. A Defesa Civil pediu que os moradores contribuam para os resgates com ferramentas, remédios, comida e água e que doem sangue.
Apesar da intensidade do tremor, o transporte público foi afetado levemente. Às 17h, apenas duas das 195 estações das 12 linhas estavam fechadas e as autoridades liberaram as catracas de acesso aos trens, aos ônibus e ao BRT. O tremor também derrubou pontes, viadutos e passarelas e abriu uma fenda no acesso ao terminal 2 do Aeroporto Internacional Benito Juárez, que já havia sido danificado no terremoto de magnitude 8,1 no último dia 7.
O terminal aéreo foi fechado por quatro horas para avaliações. Até às 22 horas desta terça (do Brasil, havia ao menos 100 voos atrasados e mais de 50 desviados para o aeroporto de Toluca, no Estado do México. Voos ao Brasil não haviam sido afetados.
No momento do tremor, o presidente Enrique Peña Nieto viajava a Oaxaca, Estado mais afetado pelo abalo do dia 7. Em entrevista, ele disse que enviará à região central as equipes que atuavam há 12 dias no Estado e em Chiapas. "Ativamos todas as áreas da administração e trazendo de volta funcionários que estavam em Oaxaca e Chiapas. Não estamos retirando a assistência a eles, mas agora a região central vive uma situação de emergência."
Em nota, o governo brasileiro prestou condolências e informou que, até então, não havia registro de brasileiros entre os mortos.
Desespero
A segunda maior cidade da América Latina, atrás de São Paulo, ficou paralisada nas horas seguintes ao tremor. Os escritórios e restaurantes fechados, mais de 3,8 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica e os telefones funcionam com dificuldade. Francisco Tostado, 36 anos, estava na casa de uma amiga bairro nobre de Condesa, um dos mais afetados, no momento do tremor. "A porta não abria e começamos a gritar, até que um vizinho conseguiu abrir", disse.
VÃdeo del #Sismo en la #CDMXpic.twitter.com/XHdvZTo7BI
— Alberto Serrano L. (@Serrano_Lorence) 19 de setembro de 2017
Apesar da tragédia, algumas tradições da Cidade do México se mantiveram. Os moradores aliviam a fome nas barraquinhas de comida e compravam água de ambulantes e de algumas mercearias que estavam abertas. A quantidade de pessoas no meio da rua prejudicou ainda mais o já caótico trânsito da cidade. O ruído das ambulâncias, carros de bombeiros e dos cachorros latindo era muito intenso.
Havia também relatos de saques e roubos na capital e em outros Estados afetados. A polícia informou que os criminosos serão presos, apesar da destruição da tragédia.
Center of Mexico City right now after 7.4 earthquake. Scary. Hope folks are ok. Video shot by a friend in DF pic.twitter.com/tlYtpEShcB
— David Prager (@dlprager) 19 de setembro de 2017
Efeitos ampliados
Grande parte da Cidade do México, hoje com cerca de 20 milhões de habitantes, foi construída no leito de um rio; seu solo é conhecido por ampliar os efeitos de terremotos.
Durante o tremor, quadros caíram de paredes e monitores de computadores foram derrubados. Algumas pessoas se abrigaram embaixo de suas mesas de trabalho.
O chefe dos serviços de emergência informou à agência Reuters que o aeroporto da capital suspendeu suas operações. A Bolsa de Valores também deixou de operar.
O governo concentrava seus esforços na reconstrução. De acordo com estimativas da Defesa Civil, pelo menos 50 mil casas no Estado de Chiapas foram afetadas pelo terremoto do início deste mês –sendo que 16 mil delas desabaram.
Nova Zelândia
Depois do México, foi a vez de a Nova Zelândia sofrer com terremotos nesta terça-feira (19), dia 20 no horário local. Um terremoto de magnitude 6,1 atingiu o sul do país.
De acordo com as primeiras informações, o tremor foi localizado a oeste da Ilha de Auckland, com profundidade de 10 km.
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