Análise
Especialistas creem em coincidência
Folhapress, em São Paulo
Jacarta - O terremoto de 7,5 graus que ocorreu próximo à ilha de Sumatra, provocando um tsunami, não tem relação com a erupção do vulcão Merapi, também na Indonésia, dizem especialistas. O fato de os dois eventos terem acontecido em intervalo de menos de 20 horas teria sido coincidência.
"Não há nenhuma relação entre os dois, segundo os dados que recebemos. O terremoto foi provocado por um choque de placas tectônicas", disse a geofísica Julie Dutton, do USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos, na sigla em inglês).
Ela disse que o choque das placas foi muito distante do vulcão e que, segundo dados sismológicos, uma catástrofe não afetou a outra.
O terremoto ocorreu próximo à ilha de Sumatra, a cerca de 1.800 km do monte Merapi, localizado na ilha de Java.
O país fica na área conhecida como Anel de Fogo do oceano Pacífico que registra 7 mil terremotos por ano e tem 129 vulcões ativos.
"Naquela região, ocorrem muitos terremotos fortes. Tudo indica que foi apenas uma coincidência", concorda o professor de geofísica da USP Marcelo Assumpção.
Segundo ele, as erupções vulcânicas são precedidas por abalos sísmicos tão fracos que só são percebidos por instrumentos. E um tsunami só é causado por terremotos fortes.
Por outro lado, Assumpção disse ainda que há estudos afirmando que um terremoto forte poderia, em tese, desencadear uma erupção vulcânica. Mas ainda não foram obtidas provas definitivas sobre isso.
Jacarta - Um terremoto de 7,5 graus na escala Richter atingiu ontem a costa do arquipélago de Mentawai, no oeste da Indonésia, provocando um tsunami que matou ao menos 108 pessoas e deixou outras 502 desaparecidas.
No mesmo país, na vizinha ilha de Java, a erupção de um vulcão matou mais 18 pessoas.
No caso do tremor, a falha geológica que o originou foi a mesma do terremoto e tsunami de dezembro de 2004, que matou 220 mil na Ásia.
As ondas de três metros de altura varreram dezenas de vilas pouco povoadas no arquipélago. O local é um famoso destino entre surfistas. Ao menos nove australianos estão entre os desaparecidos. Eles faziam um passeio de barco na região.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil disse à reportagem não ter recebido relato sobre vítimas brasileiras.
O forte terremoto atingiu a costa do arquipélago às 21h42 (11h42 de ontem em Brasília) e foi seguido de dezenas de réplicas.
O impacto causou as ondas gigantes. Em Pagai Norte, a água invadiu 600 metros de terra.
"Sentimos um solavanco sob o navio. Minutos depois, ouvimos um estrondo. Pensei imediatamente em um tsunami e vimos o paredão de água, contou Rick Hallet, agente de turismo.
A destruição atingiu também a vila de Betu Monga, onde apenas 40 dos 200 moradores foram encontrados. "Muitos não conseguiram segurar seus filhos, que foram levados, diz Hardimansyah, funcionário do governo.
O número de vítimas deve aumentar nos próximos dias, quando as autoridades chegarem às regiões atingidas. Muitas vilas ficam a 12 horas de barco.
Otimista, Satoko, chefe do governo regional, diz que alguns dos desaparecidos podem ter se refugiado em terras mais altas.
Vulcão
Na ilha de Java, a 1.300 km de Sumatra, o vulcão Merapi entrou em erupção ontem e lançou colunas de cinzas a uma altura de 1.500 metros.
A erupção ocorreu às 18h (8h em Brasília) e jogou rochas e destroços pela encosta do monte Merapi, a montanha de fogo no dialeto local.
Na véspera, as autoridades haviam ordenado a retirada de 19 mil moradores. Mas muitos agricultores preferiram permanecer e tentar salvar suas plantações.
Ao menos 18 morreram, entre eles um bebê de dois meses que inalou cinza vulcânica. Especialistas alertam que uma erupção muito maior pode ocorrer nas próximas semanas ou meses.
Em 1994, 70 pessoas morreram na erupção do Merapi.
Enchentes pioram crise no país
Se não bastassem a erupção de um vulcão e um tsunami, ilhas da Indonésia sofrem com chuvas torrenciais. Moradores de Tangerang, na província de Banten, tentavam atravessar a cidade alagada, após fortes chuvas que mataram pelo menos 97 pessoas no país. Outras 66 continuavam desaparecidas na noite de ontem e mais 900 pessoas ficaram feridas. No distrito de Teluk Wondama, a maior parte dos moradores permanecia ilhada, e milhares de edifícios haviam sido danificados.A intempérie deve continuar nas próximas semanas, de acordo com meteorologistas.
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