Um terremoto de magnitude 5,8 deixou pelo menos 16 mortos na região da Emilia Romagna, no norte da Itália, nove dias depois de outro tremor, de intensidade maior (6,0), ter deixado sete mortos e milhares de pessoas desalojadas na mesma área.
A princípio, não há relação entre os dois eventos.
O terremoto de ontem foi sentido até em países vizinhos, como a Áustria, e teve uma série de réplicas, algumas com magnitude 5,0. Seu epicentro, como o do abalo ocorrido nove dias antes, foi perto da cidade de Modena. O epicentro foi em Mirandola.
Houve ao menos 200 feridos. Os mortos no tremor de ontem eram, na maioria, trabalhadores de pequenas fábricas instaladas em galpões que ruíram com o abalo.
Na cidade de San Felice sul Panaro, uma das mais afetadas, três dos mortos eram operários que, após o tremor de 20 de maio, haviam ficado mais de uma semana sem trabalhar e retornaram ontem.
Sindicalistas disseram que vão pedir investigação sobre a existência de segurança suficiente nas fábricas da região depois do primeiro terremoto há relatos de que trabalhadores teriam sido pressionados a voltar ao serviço.
"Vamos precisar investigar quem considerou essas fábricas seguras para o retorno ao trabalho. Nós temos de entender de quem é a responsabilidade por isso", declarou o sindicalista Erminio Veronesi à agência Associated Press.
Colegas do imigrante marroquino Mohamed Azeris, um dos mortos pelo terremoto de ontem, afirmam que ele fora ameaçado de perder o emprego se não retomasse seu posto de supervisor na fábrica.
Como outros países da Europa, a Itália vive um cenário de crise econômica, e a expectativa é que seu PIB recue 1,2% em 2012. O abalo atingiu uma das áreas de maior concentração industrial no país, que produz de carros de luxo a queijo parmesão.
O terremoto de ontem danificou uma parcela significativa do patrimônio cultural do norte italiano.
Entre as construções atingidas estão a catedral barroca de Carpi e o Palazzo Te, em Mântua, que é considerado uma das obras-primas do Renascimento.
"Fiquei debai xo da escrivaninha", conta pesquisador brasileiro
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Silvio Manea, 54 anos, afirmou que estava ontem em Padova, na Itália, e sentiu o primeiro tremor, às 7 h (4 h em Brasília), quando se preparava para ir à universidade local, onde participa de uma temporada de estudos de três meses.
"Você se sente como se estivesse em uma gelatina. Você vê todo o apartamento se movimentando, com movimentação lateral e para cima, e você fica sem ação porque a única orientação que eles dão é ir para um lugar próximo a uma viga. Fiquei debaixo da escrivaninha".
Após sair do prédio depois do tremor, Manea foi para a Universidade de Padova, mas, ao chegar à instituição, sentiu uma réplica, menor que o abalo anterior, que afirma ter sido de 30 segundos. "Foi uma sensação horrível. Foi pior que o anterior [tremor de magnitude 6, no dia 20, no norte italiano], que eu caí da cama na hora."
Susto
Outros brasileiros que estão na Itália também fizeram relatos do susto que levaram. O internauta Luís Henrique Canil, que estava em Lucca, na Toscana, disse que a casa alugada onde estava sofreu alguns danos, como queda do reboco das paredes e vasos quebrados.
A estudante Amanda dos Santos estava na Universidade de Padova durante os tremores. Ela relata que sentiu mais dois sismos após ter voltado para casa, quando consegui conversar com a mãe no Brasil.