Pequim Dois terremotos, de intensidade de 6,8 e 6,6 graus na escala Richter, atingiram ontem a costa Noroeste do Japão matando oito pessoas, ferindo mais de 800 e forçando cerca de oito mil a abandonarem suas casas. As conseqüências trágicas se transformaram num princípio de pânico nacional, pois o primeiro tremor causou um incêndio na maior usina nuclear do mundo, em Kashiwazaki, cidade costeira de 90 mil habitantes próxima do epicentro, e o vazamento de 1,5 litro de água contendo material radiativo. O líquido caiu no Mar do Japão.
"Primeiro houve um forte solavanco vertical. Depois, tudo balançou para os lados por muito tempo. Não dava para ficar em pé", disse Harumi Mikami, uma professora da cidade de Kashiwazaki, que estava em sua escola quando o primeiro terremoto ocorreu. "As prateleiras mais altas caíram e as coisas voaram por todos os lados", acrescentou.
O terremoto foi tão forte que edifícios de Tóquio, que fica 210 quilômetros a noroeste da área do tremor, estremeceram por cerca de um minuto.
Centenas de casas ficaram totalmente destruídas em Kashiwazaki, cujo fornecimento de água, energia elétrica e gás foi cortado. Estradas e ferrovias ficaram em escombros. Na típica cidade do interior japonês moram muitos idosos. Sete mortos tinham mais de 70 anos.
Quando o primeiro choque atingiu a região, às 10h13m de ontem (22h13m de domingo em Brasília), a Tokyo Electric, operadora da usina Kashiwazaki-Karima, chegou a negar a possibilidade de vazamento, ainda que a tevê exibisse imagens de incêndios e imensas colunas de fumaça no local, causados por um curto-circuito num transformador elétrico.
A usina possui um sistema que desliga o reator automaticamente em caso de terremotos. O incêndio foi logo contido, mas só mais de cinco horas depois a empresa admitiu o vazamento, ocorrido pouco antes das 13h.
A preocupação em relação à região de Kashiwazaki-Karima aumentou devido ao fato de a área ter sido também afetada por vários tremores secundários, alguns de magnitude de 5,6 graus na escala Richter, o que fez as autoridades locais temerem maiores danos à usina, a maior do mundo em capacidade de produção: 8.212 MW de energia, o suficiente para cobrir o consumo doméstico de 16 milhões de domicílios.
Katsuya Uchino, diretor da Tokyo Electric, afirmou que o vazamento de material radiativo foi controlado e uma análise preliminar da água do mar próxima à usina não mostrou qualquer "alteração significativa".
Deixe sua opinião