Os avanços do Boko Haram empurraram os nigerianos de volta para o ex-general Muhammadu Buhari, acima em um comício| Foto: Sani Maikatanga/Associated Press

Multidões ruidosas lotavam as ruas para ver o general aposentado, enquanto jovens trepavam em postes de iluminação para avistar seu rosto anguloso. Outros se erguiam sobre motocicletas em movimento, empunhando vassouras rústicas, símbolo de sua campanha.

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Com a eleição presidencial da Nigéria dentro de algumas semanas, o avanço irrestrito do Boko Haram no norte do país está ajudando a promover o general Muhammadu Buhari, 72. Tendo governado a Nigéria com mão de ferro há 32 anos, hoje Buhari é uma séria ameaça nas urnas.

"O Estado está desmoronando e todo mundo está assustado", disse Jibrin Ibrahim, do Centro para Democracia e Desenvolvimento, referindo-se ao Boko Haram. "Muita gente está assustada de que eles consigam dominar todo o país. Por isso muitos estão dizendo: 'Dê uma chance a Buhari'".

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Uma vitória de Buhari contra o atual presidente, Goodluck Jonathan, seria uma rara substituição de governante em um país onde os petrodólares fluem há muito tempo e a Presidência tem grande folga para distribuí-los.

Mas os preços do petróleo despencaram; ataques a escolas, mercados e aldeias inteiras continuam sem cessar; e o Exército da Nigéria foi totalmente incapaz de conter o Boko Haram, que hoje controla partes do nordeste.

Maiduguri, a maior cidade dessa região do país, foi atacada pelo Boko Haram no dia 25. "Eles estão ficando cada vez mais sofisticados", disse Kashim Shettima, governador do Estado de Borno, do qual Maiduguri é a capital.

"Temos de solucionar isso. É o principal problema do país", disse recentemente Buhari sobre a batalha com o Boko Haram.

A campanha tornou-se uma luta entre partidários de Buhari no norte, de maioria muçulmana, e seguidores de Jonathan no sul, onde predominam os cristãos.

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O período de Buhari como governante militar da Nigéria foi rápido: 20 meses na década de 1980, encerrados por outro golpe militar. Mas ele é lembrado com revolta por muitos nigerianos.

Sua autoproclamada "guerra contra a indisciplina" foi levada a "níveis sádicos, glorificando-se na humilhação de um povo", escreveu o ganhador do Prêmio Nobel Wole Soyinka.

Buhari obrigou os funcionários públicos impontuais a fazer flexões, prendeu jornalistas por artigos críticos e expulsou dezenas de milhares de imigrantes, culpando-os pelos problemas do país.

O atual presidente e seu partido, que detém o poder desde o fim do regime militar há mais de 15 anos, fizeram desse passado o centro da estratégia para reelegê-lo.

Anúncios de jornal de página inteira sugerem que Buhari está ansioso para introduzir a sharia (lei islâmica) em todo o país.

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Mas os seguidores de Buhari estão muito mais interessados na instabilidade que abala o norte. Muitos deles apareceram recentemente nesta metrópole no norte para dar uma olhada no general.

Hadiza Bala Usman, líder da campanha para a devolução de mais de 200 estudantes sequestradas pelo Boko Haram na última primavera, esperava o general no aeroporto local. Nove meses depois de sua captura, as garotas continuam desaparecidas.

"Os recursos destinados aos militares não vão para eles; as balas e as botas não vão para os soldados. E o que acontece com a segurança você vê em todos os setores. O apoio que damos [a Buhari] é para acabar com a insurgência".

Um general aposentado que estava na multidão, Alhassan Usman (que não é parente de Hadiza), concordou, expressando raiva pelo fato de o Boko Haram ter conseguido superar os soldados da Nigéria. "O problema é a falta de disciplina", disse ele.

Muhammadu Buhari mostrou-se firme como nos tempos em que ele surgiu em um golpe contra a democracia incipiente, mas corrupta, da Nigéria. Depois de tomar o poder, ele instituiu o que chamou de uma tentativa de endireitar uma nação caótica.

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Ele deverá se sair especialmente bem na eleição no norte do país, de maioria muçulmana. Mas sua campanha enfrenta obstáculos. Dezenas de milhares de pessoas no norte foram desalojadas, e muitas não conseguirão votar na eleição de 14 de fevereiro.

Buhari falou rapidamente para arquibancadas lotadas em um estádio no centro da cidade, prometendo vagamente maior segurança, prosperidade e melhor educação para a população.

Era sua presença, e a promessa implícita de austeridade e ação militar, que a multidão parecia querer. Embora seguidores insistam que ele vai derrubar os radicais islâmicos, o general aposentado é bem mais cauteloso.

"Temos de ver o quadro inteiro", disse Buhari. "Vamos lhes pedir para nos informar, um a um. Por que não estão se saindo bem?"

Ele se concentrou nos fracassos individuais no confronto ao Boko Haram —o dinheiro mal gasto, a falta de armamentos para os soldados, sua desmotivação para lutar —em vez de uma condenação geral ao Exército.

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Com os músculos da mandíbula tensos, o ex-general e presidenciável disse: "Este não é o Exército nigeriano que eu conheci".