Atualizado em 17/04/2006 às 19h41
Pelo menos dez pessoas morreram e 60 ficaram feridas nesta segunda-feira em um atentado no centro da cidade israelense de Tel Aviv. Um terrorista suicida palestino detonou uma bomba perto da antiga rodoviária central da cidade.
O atentado ocorreu às 13h30m (horário local), durante o feriado da Páscoa judaica, na mesma lanchonete onde se registrou um ataque suicida há cerca de três meses. Imagens da TV mostraram pessoas com sangue em suas camisas.
Segundo o jornal israelense "Jerusalem Post", há 15 vítimas em estado grave e duas crianças ficaram levemente feridas. O serviço de ambulância Magen David Adom inicialmente calculou o número de feridos em 30.
Ainda de acordo com o "Jerusalem Post", testemunhas relataram que viram um segurança parar e revistar um jovem com uma sacola na entrada da lanchonete, pouco antes da explosão.
- Foi uma grande explosão. Foi uma visão inacreditável - disse o motorista de táxi Yossi Bar à Rádio Israel.
Este é o mais letal atentado suicida contra Israel pelo menos desde outubro do ano passado, quando um homem-bomba palestino matou seis pessoas no mercado de Hadera. Desde então, houve pelo menos outros quatro ataques deste tipo. Em 30 de março, um palestino suicida matou quatro pessoas perto do assentamento de Kedumim, na Cisjordânia - entre os quais uma brasileira que vivia em Israel.
Segundo a mídia israelense, fontes palestinas identificaram o homem-bomba como Sami Salim Hamad, do grupo Jihad Islâmica e morador do vilarejo de Qabatiyah, no subúrbio da cidade de Jenin, na Cisjordânia.
A Jihad Islâmica já reivindicou a autoria do crime. Outro grupo radical palestino também assumiu, separadamente, a responsabilidade pelo ataque. As Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, facção armada ligada ao partido Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disseram que o atentado era uma vingança aos "massacres israelense" de palestinos em Gaza.
As forças de segurança israelenses prenderam três suspeitos de terem envolvimento no ataque, informou a agência YNet. Dois são cidadãos árabes israelenses e o terceiro é palestino.
O premier israelense, Ehud Olmert, reagiu ao primeiro ataque de seu curto mandato afirmando:
- Nós saberemos como responder. Sabemos o que fazer.
O porta-voz de Olmert disse que Israel considera o governo palestino recém-eleito, liderado pelo grupo extremista islâmico Hamas, responsável pelo atentado suicida.
- A Autoridade Palestina, que claramente se definiu como uma entidade terrorista, tentou instigar apoio terrorista mais do que a anterior fez, e vamos agir de acordo com isso - disse Raanan Gissin.
O porta-voz oficial do Hamas, Sami Abu Zuhri, chamou o atentado de "um resultado natural dos continuados crimes de Israel contra o nosso povo".
- Nosso povo está em situação de auto-defesa (por causa da ocupação israelense) e tem todo o direito de usar todos os meios para se defender - acrescentou o porta-voz.
Já o presidente palestino afirmou, por meio de comunicado, que o ataque vai contra os interesses palestinos e pediu que o Quarteto de mediadores no Oriente Médio (Estados Unidos, Nações Unidas, Rússia e União Européia) intervenha "para interromper uma grave deterioração que a região está testemunhando agora".
O partido Kadima, de Ehud Olmert, venceu as eleições de 28 de março em Israel, prometendo mão-de-ferro contra o terrorismo. O atentado ocorre num momento em que Olmert está formando um novo governo e a Autoridade Palestina está quebrada financeiramente, após União Européia e Estados Unidos terem suspendido sua ajuda e Israel ter cortado repasse de impostos. No domingo, o Irã, rival dos EUA e de Israel, anunciou que socorreria o governo palestino com US$ 50 milhões.
Segundo a rede americana CNN, a explosão danificou a área em torno da rodoviária. O local é um freqüente alvo de ataques realizados por extremistas palestinos.
Fontes policiais informaram que os explosivos usados no ataque eram de grande potência e incluíam pregos e parafusos.