O segundo debate entre os pré-candidatos democratas que tentam obter a indicação do partido para disputar a sucessão de Barack Obama na Casa Branca no próximo ano foi centrado nos ataques à Paris e em formas de combate ao terrorismo. A organizadora do encontro, CBS, deu maior destaque às relações internacionais depois da tragédia francesa de sexta-feira, que deixou 129 mortos e 250 feridos, sendo 99 em estado grave.
Iniciado com um minuto de silêncio em respeito às vítimas da capital francesa, o encontro, transmitido direto de Des Moines (Iowa), contou com a presença da líder Hillary Clinton, o senador Bernie Sanders e o ex-governador Martin O’Malley. Diferentemente do primeiro debate do partido, em outubro, desta vez o clima foi de maior ataques entre os candidatos, mas ainda longe da agressividade vista nos quatro debates entre candidatos republicanos que ocorreram neste ano.
Hillary, ex-secretária de Estado de Obama que lidera as pesquisas com cerca de 60% das intenções de votos entre os democratas, tentou se distanciar do presidente, afirmando que o Estado Islâmico não precisa ser “contido, mas sim derrotado”, em critica velada a Obama, que esta semana usou o termo. Por outro lado, tentou vender que tem forte experiência internacional e que aconselhou chefe de Estado em relação à ação que matou Osama bin Laden..
Já Sanders, que se declara social-democrata e tem cerca de 35% dos votos, estava em uma postura muito mais ofensiva e criticou a gestão de Hillary como secretária de estado e suas opiniões relativas ao Oriente Médio. Ele lembrou que votou contra a Guerra do Iraque - ao contrário de da rival - e disse que este conflito desestabilizou a região e fez surgir grupos como o Estado Islâmico. “Eu diria que a desastrosa invasão do Iraque, algo que eu fui fortemente contrário, ela desandou a região completamente”, afirmou.
Mas a divisão mais forte da noite foi no debate sobre a influência do dinheiro nas eleições e sobre a necessidade de fazer uma reforma financeira no país.Sanders disse que, após anos de salvamento estatal - em referência à crise global de 2008 - era hora dos banqueiros auxiliarem a classe média, contribuindo para a existência de curso superior gratuito no país.O senador ainda afirmou que a ex-primeira-dama está “muito perto” do sistema financeiro, tentando associar a candidata à preferida dos ricos.
Lanterna na pesquisa com menos de 5% das intenções de votos dos democratas, O’Malley tentou se sobressair ampliando suas críticas ao sistema financeiro, afirmando que o presidente precisa estar do lado dos trabalhadores, defendendo um salário mínimo justo em todo o país e afirmando que Hillary não estava totalmente empenhada nesta proposta.
Sendo muito pressionada, Hillary, que foi senadora por Nova York, disse que “o apoio de Wall Street tinham sido importante para reanimar a economia” após a crise de 2008. Quando perguntada sobre a influência que os doadores financeiros teriam em sua campanha, ela disse que conta com “um plano agressivo para conter Wall Street” e lembrou que recebe muitas doações pequenas, sendo 60% delas feitas por mulheres.
Sanders avaliou que sua resposta “não foi suficiente”. Apesar do enfrentamento, voltou a defender Hillary, acusada de usar sua conta pessoal de e-mails quando eras secretária, dizendo que “ninguém mais suporta debater estes e-mails”. Mas a ex-secretária partiu para o ataque e lembrou que é contra a livre circulação de armas no país, tema que mobiliza os democratas mas que é rejeitado pelo senador socialista.
Desde o último debate, o ex-governador Lincoln Chafee, de Rhode Island e ex-senador Jim Webb de Virgínia desistiram de tentar a nomeação. Lawrence Lessig, professor de Harvard que entrou na disputa no mês passado, também já desistiu e não foi ao encontro. Os principais jornais americanos esperam uma baixa audiência do debate, por ter sido realizado na noite de sábado, quando diversos eventos esportivos ocorriam simultaneamente, tomando a atenção do telespectador.
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