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Mulher em frente a tendas improvisadas em um campo de deslocados internos em Maiduguri, no nordeste da Nigéria, em 2021
Mulher em frente a tendas improvisadas em um campo de deslocados internos em Maiduguri, no nordeste da Nigéria, em 2021| Foto: EFE/EPA/AKINTUNDE AKINLEYE

O grupo terrorista Boko Haram decapitou na semana passada quatro pessoas na cidade de Ngoshe, no nordeste da Nigéria, entre elas um membro da Cruz Vermelha. Conforme informações, as mortes foram gravadas e divulgadas em um vídeo de seis minutos compartilhado pelos terroristas.

Segundo a organização Portas Abertas, que documenta casos de perseguição contra cristãos, acredita-se que os mortos eram reféns capturados durante um ataque do grupo terrorista a cidade de Gwoza em 1º de outubro. Além dos quatro, outras 11 pessoas também foram raptadas.

No vídeo, aparecem dois terroristas justificando os assassinatos como uma retaliação às mortes de integrantes do Boko Haram na semana anterior.

"Eles mataram nossos mais velhos, mataram nossas crianças, não há nada de mal que eles não tenham feito a nós. Mas hoje, veja como Alá nos ajudou, colocamos nossas vidas e recursos em risco para garantir que pratiquemos nossa religião. Fomos confrontá-los. Matamos alguns e capturamos eles, incluindo mulheres e idosos”, disseram.

De acordo com a Portas Abertas, um dos terroristas também decapitou sua irmã mais nova sob a justificativa de que ela seria uma “infiel”.

“Mesmo que seja minha mãe que vá contra nossa religião, pela graça especial de Alá, nós a aniquilaremos. Na verdade, mesmo que seja um filho meu que vá contra esta religião, farei justiça”, disse.

Cristãos na mira do terrorismo

De acordo com um relatório da Portas Abertas, chamado “No Road Home”, o deslocamento em massa de cristãos na Nigéria tem sido uma combinação entre ataques às comunidades e a falha do governo local em protegê-las. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgou que havia 1.711.481 deslocados internos apenas no estado de Borno, no nordeste da Nigéria, em dezembro de 2023. Cerca de 74% dessas pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas e comunidades antes de 2021 e 68% delas já se deslocaram duas vezes ou mais.

O especialista jurídico da Portas Abertas para a África Subsaariana, John Samuel, explicou que o governo do estado de Borno pressionou, doou pacotes de alimentos e dinheiro para que as pessoas retornassem às suas comunidades. Porém, os cristãos se recusaram a voltar temendo a insegurança e a violência dos terroristas. Alguns que retornaram foram atacados e precisaram fugir novamente.

“Os extremistas do Boko Haram disseram claramente, repetidas vezes, que estão travando uma jihad [guerra santa] contra pessoas que eles chamam de ‘infiéis’ – ou seja, qualquer um que não concorde com sua interpretação extrema do islamismo. Algumas das pessoas no topo desta lista são cristãos que são alvos claros por causa de sua fé”, disse.

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