Várias testemunhas asseguraram à cadeia britânica "BBC" que viram um sistema de lança-mísseis Buk operado por militares russos na zona leste da Ucrânia onde em julho foi derrubado um avião da Malaysia Airlines, informou nesta segunda-feira a emissora pública.
Três testemunhas civis contaram de forma separada no programa "Panorama" que viram um lançador de mísseis terra-ar operado por militares russos de uniforme poucas horas antes da queda do avião que transportava quase 300 pessoas.
Os danos causados no avião sugerem que o aparelho pode ter sido atingido por um míssil guiado com o sistema BUK, desenvolvido na Rússia e que faz parte do exército russo, afirmou a "BBC".
O governo russo atribuiu o lançamento do míssil que derrubou o avião às forças ucranianas, e os separatistas pró-Rússia asseguraram que não têm sistemas Buk, embora várias informações nas redes sociais tenham afirmado sobre a suposta entrada de um desses sistemas móveis pela fronteira com a Rússia controlada pelos rebeldes.
Uma das testemunhas disse ao programa que viu o lançador de mísseis na zona de Snezhnoye, a cerca de 16 quilômetros da área onde caiu o avião, por volta das 13h30 locais, pouco antes do fato.
"Vimos como o descarregavam e quando o Buk arrancou o motor a fumaça tomou conta da praça da cidade", declarou a testemunha.
As três testemunhas afirmaram que os militares eram da Rússia, pois, embora nessa zona da Ucrânia a população local também fale russo, o sotaque é diferente.
"Bem disciplinados, não como os rebeldes, e não vestiam o uniforme de camuflagem usado tanto pelas tropas do governo (ucraniano) como rebeldes", explicou o primeiro dos entrevistados pela "BBC".
"Tinham sotaque russo. Dizem a letra 'g' de forma diferente que nós", apontou.
Outra testemunha afirmou que um dos militares que escoltava o Buk em um jipe tinha "sotaque de Moscou".
A "BBC" assinalou que, se isto for verdade, o governo russo vai ter que explicar às famílias das 298 vítimas, incluindo dez britânicos, o que fazia o grupo militar russo escoltando um Buk pouco antes do avião ser derrubado.
A emissora estatal acrescentou que há provas documentais, como imagens e fotografias, da presença de soldados russos na zona separatista da Ucrânia, cujo governo acusa a Rússia de prestar ajuda militar aos rebeldes.
O voo MH17, da Malaysia Airlines, que fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur, caiu no dia 17 de julho no leste da Ucrânia, matando 298 pessoas.
O avião foi supostamente derrubado por um míssil terra-ar disparado de uma zona controlada pelas milícias pró-russas.