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Time de futebol feminino de escola boicota jogo após atleta trans ser liberado por juiz nos EUA
Time de futebol feminino integra a Bishop Brady High School, localizada em New Hampshire, nos EUA| Foto: John Phelan/Wikimedia Commons

Um time de futebol feminino da Bishop Brady High School, em New Hampshire, boicotou uma partida de uma competição entre adolescentes do Ensino Médio (equivalente ao antigo colegial no Brasil) contra a Kearsarge Regional High School. O motivo foi a presença de Maelle Jacques, um atleta transgênero autorizado a competir com meninas, apesar de uma lei estadual que proíbe a participação de homens biológicos.

"O time feminino de futebol da escola Bishop Brady segue junto defendendo a justiça no esporte! Essas atletas corajosas, de Concord, NH [New Hampshire], boicotaram um jogo com um jogador masculino na equipe adversária, dizendo NÃO à competição injusta. Vamos apoiar a coragem e o compromisso delas em proteger o esporte feminino!", escreveu a unidade da organização Moms for Liberty em New Hampshire, no X. A organização luta contra a ideologia de gênero nas escolas dos EUA.

Jacques, com cerca de 1,83 metros de altura, continua jogando devido a uma decisão judicial que suspendeu temporariamente a "Fairness in Women’s Sports Act", sancionada em julho de 2024 pelo governador republicano Chris Sununu.

A juíza federal Landya McCafferty, nomeada por Barack Obama em 2013, emitiu uma liminar em setembro que permitiu a participação de Jacques e Parker Tirrell, outro atleta transgênero, enquanto o processo judicial ainda está em andamento. A decisão judicial causou controvérsia, visto que ela contraria uma lei estadual que visa proteger a equidade no esporte feminino, proibindo que homens biológicos participem de equipes femininas.

O boicote reflete um embate mais amplo nos EUA, com Donald Trump prometendo proibir a participação de homens biológicos em esportes femininos caso seja eleito novamente. Durante sua campanha, Trump já afirmou que "simplesmente não se pode deixar isso acontecer", referindo-se à crescente presença de atletas trans em competições femininas. Melania Trump, esposa do candidato republicano, também manifestou apoio à exclusão de homens biológicos, mesmo tendo divergências com os republicanos em outros assuntos LGBT.

Em nível federal, a "Protection of Women and Girls In Sports Act" foi aprovada pela Câmara dos Deputados dos EUA em 2023. Esta legislação visa proteger as atletas femininas, definindo o sexo com base exclusivamente na biologia ao nascimento. No entanto, o presidente Joe Biden, do Partido Democrata, prometeu vetar a lei, argumentando que ela discrimina atletas transgêneros. Em estados como Idaho e Nevada, há resistência à inclusão de transgêneros em esportes femininos, com Idaho aprovando a "Defending Women’s Sports Act". Já em Nevada, atletas de vôlei enfrentam pressão para competir contra equipes com jogadoras trans, apesar da resistência das próprias atletas.

Além disso, o Título IX, uma lei federal de 1972, está no centro desse debate. Originalmente criado para proibir discriminação com base no sexo em instituições educacionais que recebem financiamento federal, o Título IX garantiu a igualdade de oportunidades para mulheres em esportes escolares. No entanto, sob a administração Biden-Kamala Harris, houve uma reinterpretação para incluir a identidade de gênero, o que muitos críticos argumentam compromete a justiça nas competições femininas.

No total, 23 estados já aprovaram leis contra a participação de atletas transgêneros em esportes femininos, mas decisões judiciais federais, como a de McCafferty, têm bloqueado essas leis, criando incerteza sobre a aplicação dessas normas. Críticos argumentam que a inclusão de homens biológicos pode prejudicar as conquistas femininas promovidas pelo Título IX ao longo das últimas décadas.

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