São Paulo A caçada humana deflagrada após a descoberta de dois carros-bomba em Londres, na última sexta-feira, levou, até ontem, à prisão de oito suspeitos. Seus traços em comum: são muçulmanos, nascidos no estrangeiro, atuam na área médica, têm menos de 30 anos e, em algum momento, tiveram experiências profissionais no sistema de saúde do país.
Dois deles estavam no jipe em chamas que, no sábado, invadiu um terminal do aeroporto de Glasgow, o maior da Escócia. O iraquiano Bilal Abdulla, 27, que estava no banco do passageiro, era médico no hospital Royal Alexandra, em Paisley, perto de Glasgow. O motorista, identificado apenas como o médico Khalid Ahmed, sofreu queimaduras graves e está internado no mesmo hospital.
As investigações ultrapassaram as fronteiras do Reino Unido e chegaram à Austrália, onde um médico indiano foi detido na noite de segunda-feira. A polícia de Brisbane, onde ele foi detido prestes a embarcar num avião para o seu país, com uma passagem só de ida, o identificou como Mohammed Haneef, 27, também médico.
Detenção prolongada
O primeiro-ministro australiano, John Howard informou que um segundo médico indiano estava sendo interrogado. Segundo Howard, um juiz do país concordou em prolongar a detenção de Haneef para que um oficial da polícia britânica possa interrogá-lo.
Haneef ocupou uma vaga temporária em 2005 no hospital Halton, em Runcorn, no noroeste da Inglaterra. O porta-voz do hospital, Mark Shone, confirmou a informação. Shone acrescentou ainda que o homem detido sábado em Liverpool também trabalhou no hospital Halton. O porta-voz não revelou o nome do suspeito, mas confirmou sua idade: 26 anos.
O incidente em Glasgow levou as autoridades a elevar o alerta terrorista ao nível máximo e intensificar as buscas, que levaram à prisão, sábado, de um casal de jordanianos, Mohammed e Marwas Asha. Os dois trabalhavam em um hospital no centro da Inglaterra, ele como médico, ela como auxiliar.
Dois outros suspeitos de participar do plano terrorista, presos no domingo, se enquadram no perfil dos demais detidos. Embora sua identidade não tenha sido revelada, a imprensa britânica os descreveu como jovens de 25 e 28 anos, de países do Oriente Médio.
As investigações da polícia britânica se baseiam na tese de que os carros-bomba de Londres e o ataque em Glasgow fazem parte de um mesmo plano terrorista. Mas ainda restam muitas dúvidas sobre a ligação entre os suspeitos detidos.
Para Patrick Mercer, deputado e ex-membro da inteligência britânica, há duas possibilidades, "uma mais sinistra que a outra". A primeira é que eles tenham sido alistados no Afeganistão ou no Paquistão, orientados a entrar no Reino Unido e a permanecer discretos por um tempo, antes de pegar em armas "contra os cruzados".
A segunda, mais provável na opinião de Mercer, é que eles tenham chegado já com idéias extremistas e se radicalizado ainda mais no país.
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