Moradores pegam água na cidade de Kamaishi. Em Tóquio, bebês e crianças pequenas não podem tomar água de torneira por risco de contaminação| Foto: Roslan Rahman/AFP

Contaminação

A radioatividade na água

O que é o iodo-131?

- É um dos elementos radioativos usados na fissão do urânio em uma usina nuclear.

Como chegou à água da torneira?

- Provavelmente, devido às chuvas no Japão após o vazamento em Fukushima.

O que ele pode causar?

- O iodo-131 é absorvido pela glândula tireoide e pode provocar câncer.

Há como prevenir seus efeitos?

- Sim, com pílulas de iodeto de potássio.

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Tóquio - A quantidade de iodo radioativo presente na água vinda da torneira no norte de Tóquio excedeu os níveis permitidos pa­­ra a ingestão por crianças pequenas, informou ontem o governo metropolitano da capital do Japão.

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As autoridades alertaram pa­­ra que não seja dada a água proveniente das torneiras para bebês e crianças, que são particularmente vulneráveis a iodo ra­­dioativo, que pode causar câncer de tireoide. O governo afirmou, porém, que o nível de iodo radioativo não representa uma ameaça para crianças mais velhas ou adultos. "Mesmo se você beber dessa água por um ano ela não afetará sua saúde", disse o chefe de gabinete do governo Yukio Edano.

Um funcionário da prefeitura informou que amostras de três diferentes estações purificadoras no bairro de Katsushika, no norte de Tóquio, coletadas às 9 h de ontem (21 h de terça-feira em Brasília), apresentaram 210 becqueréis de iodo por litro, excedendo os 100 becqueréis por litro, nível considerado aceitável para crianças. O limite de iodo em água corrente para um adulto é de 300 becqueréis por litro.

Estocagem proibida

Após a divulgação da informação, Edano afirmou que o governo metropolitano de Tóquio tomaria medidas relacionadas a famílias com crianças. O governo pede também que os consumidores não estoquem garrafas de água. Apesar disso, foi difícil encontrar o produto nos supermercados da cidade. "Eu nunca vi algo assim", disse o balconista Toru Kikutaka, procurando nos supermercados do centro da cidade, onde um estoque de água em garrafa foi vendido quase imediatamente após a divulgação da notícia apesar do limite de duas garrafas de dois litros por pessoa.

Mais tarde, o Ministério da Saúde do Japão declarou que pediu ao governo prefeitural de Fukushima que informe à população que a água da torneira não deve ser consumida por crianças que vivem na cidade de Iwaki, no norte do país, também em razão do excesso de iodo.

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O iodo radioativo tem vida curta, com média de oito dias, tempo que leva para que se quebre e se torne um material que não causa danos.

EUA proibirão importações

Os EUA anunciaram que vão proibir a importação de alguns alimentos do Japão por temerem a radiação e a contaminação dos produtos.

A Adminis­­tração de Ali­­mentos e Medi­­camentos (FDA), que regula todas as importações de alimentos dos EUA, anun­­­­ciou em co­­municado que emitiu um alerta às importações de leite e produtos lácteos, verduras e frutas frescas das regiões japonesas de Fuku­­shima, Ibaraki, Tochigi e Gun­­ma.

"Além disso, a FDA continuará monitorando todas as entradas do Japão, de modo a determinar se são provenientes da área afetada. A administração testará todos os embarques de alimentos e ração da região prejudicada", esclareceu em um comunicado.

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No Japão, o primeiro-ministro Naoto Kan ordenou a proibição da venda de leite e verduras (principalmente espinafre, brócolis, couve e couve-flor) pro­­cedentes das cidades de Fuku­­shima e Ibaraki, no nordeste do país, devido aos altos índices de radioatividade emanados da usina nuclear de Fu­­kushima.

O governo brasileiro, por sua vez, já informou que não vai vetar as importações, mas vai aumentar o monitoramento sanitário dos produtos comprados dos japoneses.