Kaing Guek Eav, torturador-chefe do regime| Foto: Mark Peters/AFP
Turista fotografa crânios de vítimas do Khmer Vermelho em museu próximo a Phnom Penh

O torturador-chefe do regime do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, de 67 anos, conhecido como Duch, deve passar 19 anos preso pela morte de 16 mil pessoas du­­rante o regime de terror no Cam­­boja. Ele foi condenado ontem por um tribunal internacional a 35 anos de prisão – pena reduzida por tempo já cumprido e ou­­tros fatores.

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Eav, que já passou 16 anos preso, admitiu ter coordenado a tortura e execução de milhares de pessoas. Vítimas e familiares choraram ao ouvir que Eav teria sua pena real reduzida, o que significa que ele pode chegar a sair da prisão como um homem livre. "Eu não posso aceitar isso", disse Saodi Ouch, 46, que tremia ao falar. "Minha família morreu, meu irmão mais velho, minha irmã mais velha. Eu fui a única que sobrou", disse.

Mais de três décadas depois de o regime comunista do Khmer Ver­­melho (1975-1979) matar um quarto da população cambojana, cerca de 1,7 milhão de pessoas, Duch é o único a ter sido condenado.

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O líder máximo do grupo, Pol Pot, morreu na selva cambojana em 1998. Esperam para serem julgados Khieu Samphan, ex-presidente da República Democrática de Kampuchea; Nuon Chea, "ir­­­mão número 2" e ideólogo da organização; Ieng Sary, ex-ministro de Exteriores; e sua mulher, Ieng Thirit, ex-titular de Assuntos Sociais.

A Promotoria das Câmaras Extraordinárias dos Tribunais do Camboja, denominação oficial do órgão judicial auspiciado pe­­las Nações Unidas, tinha pedido 40 anos de prisão, a pena máxima contemplada pela legislação cambojana.

O tribunal rebaixou a pena em cinco anos por considerar que o ex-chefe da prisão de Tuol Sleng ou o S-21, preso em 1999 e acusado formalmente em julho de 2007, esteve preso de forma ilegal e cooperou com a Justiça.

A defesa, por sua vez, pediu a absolvição de Duch, a quem pintou como servidor da hierarquia do Khmer Vermelho, e questionou a jurisdição do tribunal para processá-lo.

"Todas as pessoas detidas no S-21 tinham o destino de ser exe­­cutadas de acordo com a política ditada pelo Partido Comunista de Kampuchea para acabar com os inimigos’’, retrucou Nil Nonn, o juiz que presidiu a audiência.

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