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“El Chapo” durante a sua prisão em fevereiro de 2014 | HENRY ROMERO/REUTERS
“El Chapo” durante a sua prisão em fevereiro de 2014| Foto: HENRY ROMERO/REUTERS

Bilionário já listado pela revista “Forbes”, CEO de uma organização criminosa e lenda em seu país, o México. O traficante Joaquin “El Chapo” Guzman, que escapou de uma prisão de segurança máxima neste fim de semana, é, ao mesmo tempo, o homem mais procurado do mundo e uma espécie de “lenda do empreendedorismo criminoso”, temido e admirado em aldeias próximas de onde nasceu.

O traficante comanda o cartel de Sinaloa e, segundo a “Forbes”, é responsável por 25% de todas as drogas que entram nos Estados Unidos. Estimativas até modestas apontam que o faturamento da organização é de US$ 3 bilhões por ano. Um feito conquistado à base de muito derramamento de sangue pelo filho de camponeses do humilde e perigoso município mexicano de Badiraguato.

“El Chapo”, um apelido que faz referência a sua relativa baixa estatura, 1,55 de altura, ganhou notoriedade graças a sua habilidade de construir túneis secretos em seus QGs nas montanhas, casas com alta segurança e apartamento à beira-mar, assim como pela sua mão-de-ferro para subornar, persuadir e matar, segundo reportagem do “The New York Times”.

Preso pela primeira vez em 1993 e condenado a 20 anos de prisão, ele permaneceu apenas 8. Para fugir, subornou guardas que o deixaram escondido em um carrinho da lavanderia. Alguns dizem, no entanto, que ele saiu pela porta da frente caminhando, conta o artigo do jornal norte-americano.

Apesar de ter os olhos da polícia em suas costas, nunca pareceu se importar com isso. Relatos dão conta de que ele frequentemente adentrava restaurantes, ordenava que todos desligassem seus celulares, fazia sua refeição e pagava a de todos os presentes.

De acordo com o “New York Times”, suas ações criminosas eram relevadas por parte da população de sua cidade de nascimento, Badiraguato (em Sinaloa). Ao visitar o local logo após a sua segunda prisão, em 2014, a equipe de reportagem apurou que os locais tinham medo de que a detenção desestabilizasse a economia e causasse desemprego.

Alguns o definiram como uma “figura carismática”.

Fuga

Joaquin Guzman escapou no sábado (11) de uma prisão de segurança máxima, sua segunda fuga em 15 anos e grande embaraço para o presidente Enrique Peña Nieto.

O chefe do narcotrafico foi visto em um vídeo entrando na área de chuveiros às 8h52 horário local (10h52 horário de Brasília de sábado), disse a Comissão de Segurança Nacional do México (CNS, na sigla em inglês).

Guzman ficou sem ser visto por um tempo antes de os guardas entrarem em sua cela na prisão de Altiplano, na área central do México, e encontrá-la vazia, segundo a Comissão.

A CNS não deu outros detalhes, mas Joaquin Lopez-Doriga, apresentador de notícias do principal canal mexicano Televisa, disse em seu site que relatórios recentes indicavam que Guzman escapou por um túnel que levava aos chuveiros a quilômetros de distância.

Uma autoridade sênior do governo, que falou sob condição de anonimato, disse que também recebeu informações de que o chefe do narcotráfico teria saído por um túnel.

Serviços de segurança convocaram uma reunião com seus principais oficiais, pedindo uma intensa caça por El Chapo e o fechamento do aeroporto da cidade próxima, Toluca.

A escapada de Guzman prejudica seriamente a promessa de Peña Nieto de restaurar a ordem no país, afetado por anos de violência entre gangues.

A fuga ocorreu no Estado do México, o estado natal de Peña Nieto, que assumiu o cargo em 2012 prometendo enfrentar os cartéis que já mataram mais de 100 mil pessoas desde 2007.

Antes de sua vitória eleitoral, políticos do Partido Revolucionário Institucional (PRI) de Peña Nieto ridicularizaram seus rivais conservadores por deixar Guzman fugir enquanto eles corriam o país, dizendo que isso não teria acontecido sob sua vigilância.

Quando a notícia da fuga de Guzman se espalhou, o presidente mexicano estava a caminho da França, onde acaba de desembarcar.

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