Cerca de cem imigrantes da Somália estão desaparecidos e acredita-se que podem ter morrido afogados na costa do Iêmen, após terem sido jogados de uma embarcação clandestina por traficantes, nas águas traiçoeiras do Golfo de Áden, informaram funcionários do governo do Iêmen à agência de refugiados das Nações Unidas nesta sexta-feira (10).
Até agora, 30 corpos foram encontrados nas praias do Iêmen e imediatamente sepultados, informou um oficial da segurança iemenita.
As águas do chamado "Chifre da África" e do Iêmen, no sul da Península Arábica, estão entre as mais inseguras e perigosas do mundo, infestadas por piratas somalis - com destaque para o recente seqüestro de um cargueiro ucraniano, que transporta mais de 30 tanques russos. A área também é um ponto de cruzamento de imigrantes clandestinos da África, que fogem aos milhares da guerra na Somália e da miséria em outros países e tentam chegar ao Iêmen.
"São os mesmos problemas que levaram à pirataria e ao tráfico ilegal de pessoas", disse Roger Middleton, um especialista em Leste da África no 'think tank' britânico Chatham House.
Os problemas incluem condições econômicas péssimas, deportações em massa de pessoas e a falta geral de lei que existe na Somália, disse Middleton. "As pessoas estão muito desesperadas".
Em genebra, o porta-voz da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados, Ron Redmond, disse que o barco deixou a Somália com 150 imigrantes clandestinos na segunda-feira. Mais tarde, quando o barco estava a cinco quilômetros do litoral do Iêmen, os traficantes de imigrantes clandestinos jogaram todos no mar, com exceção de 12, que foram postos em um pequeno bote. Todos os outros tentaram nadar até a praia, ele disse. Apenas 47 conseguiram chegar vivos às praias do Iêmen e alertaram as autoridades.
Um oficial iemenita disse que entre 100 e 118 imigrantes devem ter se afogado. Os 30 corpos encontrados foram sepultados em Shabwa, seguindo o costume islâmico de um rápido funeral, informou sob anonimato um outro funcionário do Iêmen. Ele mostrou-se cauteloso em dizer se os 30 corpos encontrados vinham do mesmo barco; durante a primeira metade de setembro, cerca de 165 corpos foram encontrados nas praias do Iêmen e enterrados, informou o Ministério do Interior em comunicado.
Relatos sobre abusos, brutalidade e violências dos traficantes de imigrantes são comuns no pesado tráfico de pessoas através do Golfo de Áden. Muitas vezes, os imigrantes são atacados durante a travessia por traficantes e piratas e jogados em águas infestadas por tubarões.
O alto comissário da ONU para refugiados, Antonio Guterres, disse que o número de travessias dobrou "na atual estação".
Até agora em 2008, 32 mil africanos conseguiram chegar ao Iêmen em barcos, a maioria vinda do Chifre da África, ele disse. O Ministério do Interior do Iêmen afirma que 22,5 mil imigrantes somalis chegaram ao país em 2008. O alto comissariado da ONU estima que pelo menos 230 imigrantes morreram ou foram mortos na travessia e outros 365 estão desaparecidos, incluídos os mais de 100 que foram jogados do barco nesta semana.
"Essa é uma das piores e mais dramáticas situações no mundo", disse Guterres em coletiva de imprensa em Genebra. "O resgate no mar é uma das áreas na qual os governos precisam fazer investimentos maciços", afirmou.
"A maneira como os traficantes de imigrantes tratam as pessoas é totalmente ultrajante e desumana, corresponde a um dos piores crimes que já vimos nesse mundo até agora", disse Guterres. Ele instou a comunidade internacional a olhar "não apenas para o problema da pirataria na Somália, mas também para essa situação de tráfico humano no Golfo de Áden". As informações são da Associated Press.
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