Uma operação policial com centenas de agentes de toda a Dinamarca na Pusher Street, a rua mais famosa do assentamento de Christiania| Foto: EFE/Ricardo Ramirez
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Christiania, uma comunidade semiautônoma criada por ativistas dinamarqueses na década de 1970 em Copenhague, vê sua existência ameaçada após o crescimento da violência provocada pela ação de gangues e do comércio de drogas na região, questão que tem afetado a segurança de seus habitantes e colocado o governo em alerta para intervenções.

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Os idealizadores do assentamento tinham como objetivo a criação de um espaço alternativo às influências "capitalistas" da Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, onde as pessoas poderiam viver isoladas da economia de mercado e do Estado e formar suas próprias regras de convivência.

Esse cenário logo chamou a atenção do movimento hippie, que se juntou à comuna. No entanto, depois de décadas tentando funcionar de forma paralela, o aumento da violência causada por traficantes está fazendo a comunidade cair na real e perceber as desvantagens de uma vida sem as garantias do Estado.

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A principal rua da comunidade, conhecida como Pusher Street, antes controlada por moradores, agora está dominada pelas gangues, que vendem diferentes tipos de drogas e fazem do comércio ilícito o principal mercado do assentamento.

Turistas e residentes conseguem facilmente adquirir substâncias ilícitas no local, o que virou uma dor de cabeça para o Estado, visto que a maconha e outras drogas não são legalizadas no país.

Isso ganhou repercussões cada vez maiores, com índices mais altos de violência e maior visibilidade do crime organizado.

Segundo uma reportagem recente do New York Times, um recente tiroteio dentro da comuna, que terminou com um homem morto e outros feridos, foi assunto de uma assembleia, realizada entre os habitantes do local, que chegaram à conclusão de que a Pusher Street deveria ser fechada permanentemente e que o Estado deveria intervir na situação.

Outros episódios inéditos no assentamento foram um esfaqueamento e um assalto, além de tiroteios fatais em 2021 e 2022 e um em 2016, quando dois policiais e um civil foram atingidos.

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Nesse contexto, um acordo tem sido negociado entre os moradores de Christiania e representantes da Dinamarca, que pode garantir a venda total dos 74 acres de terra onde a "cidade livre" com 900 habitantes está estabelecida. Parte da discussão prevê a construção de novas moradias públicas na região e a chegada de novos vizinhos, de acordo com as negociações preliminares com o Estado.

Em 2011, o Supremo Tribunal da Dinamarca decidiu que o Estado tinha controle sobre Christiania e, após uma série de diálogos entre os lados, chegou-se a um acordo pelo qual os moradores formaram uma fundação que comprou um quarto da terra da área, sendo cobrado um aluguel fixo pelo restante.

Agora, os moradores querem comprar o restante do terreno por 67 milhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 46 milhões), mas não chegam a um consenso sobre um dos pontos solicitados pelo Estado: a construção de 15 mil metros quadrados de habitação pública na próxima década.

A proposta não agradou a todos os moradores. Alguns enxergam que o novo plano para o entorno indica o fim da ideia original de Christiania. Para eles, uma solução mais eficaz para o problema da violência seria a legalização das drogas e não o fechamento ou a intervenção estatal sobre a via.

Outros, que consideram a rua um obstáculo para a continuidade da vida comunitária, acreditam que a criação de moradias públicas e a intervenção do governo para eliminar a Pusher Street é uma boa alternativa.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]