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Narcos

Tráfico de drogas está acelerando a devastação da Amazônia, conclui novo relatório da ONU

Narcotráfico Amazônia
Soldado peruano participa de operação para destruir aeroporto clandestino criado por narcotraficantes na Amazônia. Junho de 2022. (Foto: EFE/ Sebastián Montalvo)

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Em amplo relatório sobre o estado de tráfico de drogas publicado neste domingo (25), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) concluiu que as atividades dos narcotraficantes estimulam a extração de madeira e mineração ilegais na Amazônia. Os crimes em conjunto também incluem ocupação de terras, tráfico de animais silvestres, entre outros.

Um capítulo inteiro do relatório é dedicado à ameaça do mercado negro das drogas à Amazônia e aos povos que vivem nela. “Oferecemos uma análise de quatro países: Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia”, detalhou Chloe Carpentier, chefe da Seção de Investigação sobre Drogas, à ONU News. A floresta “está na intersecção de múltiplas formas de crime organizado, que aceleram a devastação e degradação do meio ambiente, com muitas implicações em termos de segurança pública, de saúde pública, mas também individual e outros impactos negativos sobre as populações”, explicou a investigadora.

Para ela, um fator contributivo para o problema é que “a região tem pouca presença do Estado, muita corrupção e uma economia baseada em informalidade”. Indígenas e outros habitantes da região sofrem não apenas com a violência, mas com o envenenamento pelo mercúrio usado na mineração.

Outras conclusões

Na década que antecedeu o ano de 2021, o número de usuários de drogas aumentou 23% no mundo, diz o UNODC. Naquele ano, uma a cada 17 pessoas no planeta usou ao menos uma droga. São quase 300 milhões ao todo, mais que toda a população do Brasil.

Doenças que aproveitam as seringas das drogas injetáveis para se espalhar estão aumentando em incidência, como a hepatite C. Metade das pessoas que usam esse tipo de droga está infectada com a doença. Segundo a organização mundial da saúde, quase um quarto das novas infecções com a hepatite são atribuíveis à injeção de drogas.

Há cinco vezes mais homens que mulheres usando as seringas para consumir substâncias nocivas. Na África, eles são 70% das pessoas que pedem ajuda para lidar com o vício. Também são 70% os africanos em tratamento que são menores de 35 anos.

O relatório foi publicado a tempo do Dia Internacional Contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito, na segunda-feira (26). Em mensagem para marcar a data, Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, ressaltou que os viciados em drogas são duplamente vitimados pelas substâncias e pelo estigma social. O estigma acaba dificultado a busca de tratamento tanto para o vício em si quanto por doenças associadas a ele, como Aids e as hepatites. Guterres também expressou preocupação pela escalada na produção de drogas sintéticas como a metanfetamina e o fentanil, mais perigosas e com maior potencial de vício.

Pessoas que sofrem com transtornos de uso de substâncias atingiram o número de 39,5 milhões, um aumento de 45% em dez anos.

A diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly, disse que “estamos testemunhando a um crescimento contínuo do número de pessoas que sofrem com transtornos de uso de drogas no mundo todo, enquanto o tratamento está deixando de alcançar todos que precisam dele”. Waly, egípcia que também tem o título de subsecretária-geral da ONU, insta o mundo também a “intensificar as respostas contra organizações do tráfico de drogas que estão explorando conflitos e crises globais para expandir o cultivo e produção de drogas ilícitas, especialmente de drogas sintéticas, alimentando mercados ilícitos e causando mais prejuízo às pessoas e comunidades”.

O relatório não trata apenas de medidas enérgicas contra drogas ilícitas, mas também menciona iniciativas como o uso medicinal da maconha. Além disso, o UNODC expressa esperança de um banimento de drogas no Afeganistão ajudar a diminuir o consumo global de opioides, mas lamenta que isso poderia levar ao sofrimento de agricultores que não têm alternativas ao cultivo da papoula, além do aumento da produção da metanfetamina, que já é intensa no país controlado pelo Talibã.

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