O terremoto ocorrido no sudeste da Turquia e as réplicas que aconteceram em seguida, atingiram duramente a Síria, um país devastado por uma longa guerra, onde sobrevivem milhões de deslocados internos e que apela por ajuda internacional para lidar com a tragédia.
As províncias sírias mais afetadas pelo abalo sísmico foram Idlib e partes de Alepo, que são controladas pela oposição; e Tartus, Latakia e Hama, que estão nas mãos do regime de Bashar al-Assad; assim como um trecho de Alepo em que os dois lados estão presentes.
O balanço total de vítimas na Síria já chega a 968 mortos e 2.403 feridos, segundo fontes operacionais nas duas regiões.
A resposta á tragédia está sendo gerenciada por diferentes atores em cada uma das áreas de influência, mas, em ambas, há um denominador comum: a necessidade de ajuda internacional e de mais recurso para os trabalhos de resgate no país onde 90% da população vive na pobreza.
Apelos por socorro
O Ministério das Relações Exteriores da Síria pediu para a ONU, para ONGs e diversas entidades que "apoiem" os esforços do governo para enfrentar à "catástrofe humanitária" causada pela série de terremotos, segundo comunicado difundido pela agência estatal de notícias "SANA".
"Em particular, sobre os trabalhos de busca de sobreviventes, o resgate dos soterrados nos escombros, a recuperação dos corpos, e o fornecimento de alimentos e ajuda médica às pessoas afetadas", indicou a nota oficial.
O governo sírio anunciou na manhã desta segunda-feira o estabelecimento de um centro de operação com base em Damasco, para coordenar a resposta nas áreas que controla, em que começou a abrir locais de acolhimento e distribuição de comida.
No entanto, quase 12 anos depois do início de revoltas populares contra o regime e do posterior início de um conflito armado ainda em andamento, 70% da infraestrutura da Síria está destruída, e o governo não conta com recursos econômicos, nem materiais.
O regime de Bashar al-Assad costuma atribuir boa parte de seus problemas às sanções internacionais, restrições que o Conselho Eclesiástico do Oriente Médio pediu que sejam levantadas, para permitir a chegada de insumos e evitar que essas medidas se tornem "um crime contra a humanidade".
Dificuldades no Noroeste
Em Idlib e áreas de Alepo controladas pela oposição, o grupo de resgate Capacetes Brancos também alertou para as "grandes dificuldades" que enfrentam para a execução dos trabalhos de resgate, destacando a necessidade de usar maquinário pesado e a ampla extensão do território afetado pelo desastre.
O Alto Comissariado da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), relembrou hoje que nas áreas controladas pela oposição, "fortemente" afetadas pelo terremoto, moram 4,1 milhões de pessoas, que dependem da ajuda humanitária para sobreviver, sendo, na maioria, mulheres e crianças.
"Nestes momentos, as comunidades sírias estão simultaneamente golpeadas por um surto de cólera ativo e duras condições devido ao inverno, incluindo fortes chuvas e neve", indicou a agência das Nações Unidas.
A OCHA explicou que a comunicação no terreno é difícil, devido às interrupções crônicas nos serviços de telefonia e internet, ao que se somam informações sobre supostos cortes em rodovias no nordeste da Síria, assim como no território turco.
Idlib e Alepo concentram boa parte da violência que ainda acontece na Síria, no marco do conflito, apesar do que, as frentes de batalha estão faz quase três anos praticamente congeladas.
Além disso, quase três quartos da população total do país são pessoas deslocadas pela guerra.
Países da região, como Emirados Árabes, Kuwait, Líbano, além do Curdistão iraquiano, enviarão ajuda urgente e profissionais de saúde para Turquia e Síria para atender as vítimas, promessas que se unem às vindas de outras partes do mundo.