A mexicana Mary Jose Cristerna é conhecida como "A Vampira"| Foto: AFP

Cerca de 200 tatuadores de quase dez países expõem em Caracas sua arte contestadora, que também utiliza extremas transformações como a inserção de implantes no rosto e cortes na pele, um modo de expressão que rompe tabus e supera a dor, disseram à AFP os expositores.

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"Minha transformação corporal tem sido parte de levar meu gosto ao extremo, de dizer: bom, a vida é muito curta e às vezes a desperdiçamos com muitas coisas, finalmente eu escolhi a beleza e, para mim, é bonito ser assim, por isso eu faço isso", disse à AFP a tatuadora mexicana Mary José Cristerna, que está no livro Guiness por ser a mulher com mais modificações em seu corpo na América.

Cristerna, de 36 anos e mãe de quatro filhos, é a participante mais chamativa do 'Venezuela Expotatoo 2012' -que termina neste domingo-, pois durante mais de duas décadas fez tatuagens, piercings, inseriu caninos e aplicou várias próteses em seu rosto até chegar a ser vista a 'mulher vampiro', apelido pelo qual ela é mais conhecida.

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"Sou uma artista e me expresso assim, sei que há pessoas a quem não agrado, mas, para mim, esta é uma arte que rompe tabus", afirma esta mulher, bastante afável no trato, apesar de ser consciente de que seu aspecto "às vezes impressiona ou assusta".

A exposição, que foi inaugurada na quinta-feira, recebeu tatuadores de Argentina, Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Itália, México, Peru, Uruguai e Venezuela.

Para alguns dos jovens que visitaram a exposição, em que também foram exibidas pessoas suspensas pela pele com grandes ganchos de metal e a aplicação de piercings e anéis para estender os lóbulos, o estilo de vida que os amantes das mudanças no corpo levam é "bastante extremo", mas merece respeito.

"Wow!!! Eu não faria mudanças assim, como ela (Cristerna), mas a admiro muito porque tem a coragem de enfrentar a sociedade desta maneira. Eles têm o meu respeito", disse à AFP Yeline López, uma publicitária de 32 anos, enquanto tirava fotos da 'mulher vampiro'.

"Parece-me exagerado, não me dá aversão, mas me impressiona", comentou Elizabeth, de 16 anos. "Gosto de tudo, já me animei a fazer uma tatuagem", acrescentou Luisa Fernanda, de 22 anos.

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Seguindo o estilo de Cristerna, o venezuelano Joaquín De Lima, um engenheiro de 26 anos, começou a se submeter a modificações corporais há sete meses, superando o medo da dor, com a vontade de imitar a aparência dos personagens do filme de ficção Avatar, do canadense James Cameron.

De Lima, que assegura ser o primeiro latinoamericano a ter tatuado de preto a esclerótica (parte branca do olho), tem implantes de silicone no rosto, colocou caninos, dividiu a língua e possui várias tatuagens no corpo.

"Esta mudança é um processo um pouco incômodo, não é tão doloroso", explicou este jovem, que investiu cerca de 4.300 dólares nas próteses e nos caninos e que espera continuar sua transformação.

Para o tatuador uruguaio Víctor Peralta, de 40 anos, fazer mudanças na aparência "não envia mensagem a ninguém" porque, para ele, é parte de sua identidade.

"Gosto disso esteticamente, não me interessa o que as pessoas pensam. As mudanças doem em mim, como em qualquer ser humano, o que acontece é que talvez eu goste mais e esta é a minha forma de me expressar", acrescentou Peralta, com dois implantes no rosto em forma de estrela e "escarificações" (cortes na pele com desenhos).

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