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Ao serem enviados de Jalalabad, no Afeganistão, durante a noite, para o edifício em um terreno triangular da cidade paquistanesa de Abbottabad, os 79 soldados das forças americanas conseguiram – em 38 minutos e com um helicóptero a menos – eliminar o carismático líder da Al-Qaeda e obter os maiores dados de inteligência sobre esta organização assassina já reunidos. Foi uma conquista extraordinária que dissipou definitivamente as inquietantes dúvidas americanas.

Estou muito grato que tal conquista não esteja sendo dissecada e enfeitada num turbilhão de entrevistas com as forças do grupo Seal da Marinha; que o ato permanece íntegro e não foi desmantelado nas partes humanas responsáveis por ele – o trabalho de uma equipe, indivisível e invisível. Os EUA, com sua visão frequentemente afetada pelo ego e por emoções, têm muito que redescobrir quando se trata de trabalhar em equipe e trabalho silencioso, inteligente e dedicado.

Quantas vezes nos últimos dias, ao andar por Nova York sob o céu com o mesmo azul do 11 de Setembro, ouvi uma voz interna dizer "Oh, por favor!". Tal voz rebatia reclamações de que isso (a operação contra Bin Laden) foi um "assassinato", que não houve "justiça" e que o sepultamento do líder da Al-Qaeda no Mar da Arábia foi "desrespeitoso". Como se transformar quatro aviões em mísseis e matar quase 3 mil pessoas não fosse um ato de guerra.

Não consigo imaginar tolice maior que criticar as decisões impulsivas dos soldados que participaram da troca de tiros: eles tinham plena ciência que a estrutura poderia estar programada para explodir caso fosse invadida e estavam caçando um assassino em massa que não tinha a menor intenção de se entregar. Temos que deixar os pacifistas alemães pós-modernos, e qualquer outra pessoa que queira apontar o dedo, agonizarem. O resto de nós pode se contentar.

Mais de mil corpos ficaram tão pulverizados no ataque de 11 de Setembro que não foi possível localizar qualquer traço deles. O ar do centro de Nova Iorque ficou carregado com suas almas. Agora temos de nos preocupar com o fato de que esse assassino – que também assassinou muitos muçulmanos – não tenha tido os ritos muçulmanos devidos celebrados antes de ser sepultado em seu túmulo aquático?

Também estou grato por outro motivo: Bin Laden foi humanizado. Ele achava que carregava a mensagem do "Profeta" e que podia, através de um carisma pornográfico em seu culto pela morte, canalizar uma imensa frustração muçulmana. Ao atacar os EUA e encenar sua megaprodução nos atentados de 11 de Setembro, o homem se tornou um mito.

Mesmo assim, lá estava ele, agachado com suas barbas brancas, pulando de canal em canal com seu controle remoto numa busca desesperada por imagens de si mesmo. Bin Laden está muito humano nessa condição – em seu tédio, seu ego, suas falhas e seu desgaste.

Ressaltar esses pontos é muito importante. Bin Laden não era o diabo. Ele era um ser humano. O que aconteceu com ele, este matador de olhos gentis, é possível a humanos: sua transformação em demônio é algo banal. Este é o motivo pelo qual precisamos de toda a nossa vigilância coletiva.

Por falar em vigilância, se o Paquistão não tivesse armas nucleares, os EUA não dariam a eles um centavo sequer. Mas eles possuem tais armas, e os EUA não têm outra opção. Mas antes disso, entretanto, o Congresso está certo em exigir que esta pergunta seja respondida: Por que, de todos os lugares no universo, Bin Laden decidiu morar na mesma cidade que abriga a academia militar de elite paquistanesa?

Os conselheiros do finado terrorista devem ter lhe dito que não havia problema. Eles deviam ter uma razão para dizer isso. Tal razão é justamente o problema dos EUA e do mundo. Até que ela seja descoberta, essa questão continuará causando o mal.

O ato dos Estados Unidos que acabou com Bin Laden também contou com a participação de Obama. O presidente foi a primeira pessoa que disse: "Dá para fazer!". No duelo de Obama com Osama, houve uma pitada de destino. O presidente jamais desistiu do terrorista. Existe muita força na humildade e na persistência. Às vezes é preciso perseverar.

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