Um grupo de líderes políticos do Afeganistão formou neste domingo (15) um Conselho de Coordenação para a transição do poder para as mãos dos talibãs, depois que, após a perda do controle da maioria da províncias para insurgentes, o presidente, Ashraf Ghani, abandonou o país. A informação foi divulgada pelo ex-presidente afegão e integrante do grupo, Hamid Karzai, por meio de comunicado.
Além de lideranças políticas, também estarão no Conselho de Coordenação funcionários do alto escalão do governo de Ghani, segundo explica a nota emitida.
O grupo que preparará a entrega do poder para os talibãs após 20 anos de guerra, terá entre outros, o presidente do Conselho para a Reconciliação Nacional, Abdullah Abdullah, e o ex-primeiro-ministro e líder do partido Hizb-e-Islami, Gulbuddin Hekmatyar.
Ontem, Ghani havia dado "plena autoridade" ao conselho, após uma reunião no Palácio Presidencial, quando se imaginava que todos viajariam para Doha, no Catar, onde negociariam com os insurgentes uma saída pacífica para o conflito.
O presidente e vários colaboradores próximos, contudo, deixaram o Afeganistão em segredo hoje, em pleno ataque dos talibãs para tomar Cabul, sem informar à nação ou apresentar uma renúncia formal do cargo.
O conselho, em primeira medida, clamou que as forças do governo e os insurgentes "exerçam a tolerância", evitando qualquer tipo de enfrentamento, principalmente, na capital do país.
Anteriormente, os talibãs já tinham divulgado que não entrariam em Cabul, pois aguardariam uma transição pacífica.
Vários testemunhos obtidos pela reportagem, no entanto, apontam que diversas delegacias foram saqueadas por pessoas ou homens armados, após terem sido esvaziadas de funcionários por ordem superiores.
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