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Funcionário trabalha para desinfectar a estação de trens Hankou, em Wuhan, China, 22 de janeiro de 2020
Funcionário trabalha para desinfectar a estação de trens Hankou, em Wuhan, China, 22 de janeiro de 2020| Foto: AFP

A partir desta quinta-feira (23), moradores de Wuhan, China, não terão permissão para deixar a cidade, que é o epicentro do surto do novo tipo de coronavírus que causou a morte de 17 pessoas até o momento. Segundo comunicado da autoridade local, todo tipo de transporte que sai da cidade de 11 milhões de habitantes será suspenso, incluindo ônibus locais, ferries, ônibus de longa distância e metrôs. O aeroporto e as estações de trem de Wuhan estarão "fechados temporariamente" para passageiros que partem do local.

A cidade já havia declarado a obrigatoriedade do uso de máscara em locais públicos. O governo municipal de Wuhan divulgou um comunicado informando que os donos de estabelecimentos devem proibir a entrada de quem não estiver usando máscaras. Os moradores também já foram aconselhados a evitar aglomerações e multidões públicas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) teve uma reunião de emergência nesta quarta-feira em Genebra, Suíça, mas decidiu que são necessárias mais informações para declarar o status do surto e quais recomendações serão feitas. O organismo se reunirá novamente na quinta-feira para decidir se o vírus será declarado uma "emergência de saúde pública de importância internacional", mas ponderou que as "ações públicas" para conter a disseminação do vírus já estão em andamento e não dependem dessa classificação.

"Levamos muito a sério" a decisão de declarar emergência, afirmou a OMS em declarações à imprensa.

A OMS reconheceu em coletiva de imprensa, após a reunião, que "há evidências" de transmissão por contato humano do novo tipo de coronavírus, "mas isso não determina o impacto" do surto com o vírus. A OMS também elogiou a atuação de autoridades chinesas, em especial o presidente Xi Jinping e o vice-primeiro-ministro Liu He, nas medidas para conter o novo tipo de coronavírus.

Mortes e casos confirmados

Há 17 mortes confirmadas causadas pelo coronavírus na China, além de 470 infectados. Há casos também nos Estados Unidos, no Japão, na Tailândia, em Taiwan e na Coreia do Sul.

Apoio financeiro

A China vai oferecer apoio financeiro para o tratamento de pessoas infectadas com o novo tipo de coronavírus, informou comunicado divulgado nesta quarta-feira em conjunto pelo Ministério das Finanças do país e o Departamento de Seguros Médicos.

Segundo aponta o documento, o tratamento dos pacientes não deve ser comprometido por questões financeiras. O apoio financeiro será oferecido aos pacientes além do pagamento feito por programas de assistência médica e seguro médico, enquanto aqueles que forem tratados fora de seu local de residência não estarão limitados às políticas de reembolso existentes.

As despesas com medicamentos e serviços médicos necessários para o tratamento da pneumonia serão temporariamente cobertas por fundos de seguro médico.

Câmera térmica para passageiros

Governos de países como Reino Unido, Austrália, Rússia, Cingapura e Turquia adotaram medidas em aeroportos e regiões de fronteira para identificar casos suspeitos de coronavírus. As medidas incluem a criação de zonas especiais exclusivas para passageiros vindos da China, o uso de câmeras térmicas para identificar pessoas com alta temperatura corporal e, até mesmo, o fechamento de fronteiras.

No aeroporto britânico Heathrow, de Londres, uma zona especial será destinada exclusivamente para passageiros advindos da cidade chinesa de Wuhan, conforme anunciado nesta quarta-feira, 22. Os viajantes passarão por uma avaliação para identificar possíveis sintomas e receber recomendações de saúde.

O Heathrow é o mais movimentado aeroporto da Europa, com cerca de 200 mil passageiros diariamente. Ele recebe três voos diretos da cidade chinesa por semana.

Também nesta quarta, o governo de Cingapura anunciou que uma triagem será feita com todos os passageiros que desembarcarem de voos chineses. Além disso, serão emitidos avisos para a população evitar viagens não essenciais para Wuhan.

Como parte das novas medidas, o Ministério da Saúde de Cingapura também vai tratar como caso suspeito - com isolamento do paciente - qualquer pessoa que apresentar pneumonia ou infecções respiratórias que tenha passagem recente pela China.

Já no aeroporto Nikola Tesla, em Belgrado, a Sérvia implantou o uso de câmeras termais para identificar possíveis pacientes com sintomas da doença. Qualquer pessoa com elevada temperatura corporal será destinada para quarentena em uma clínica de doenças infecciosas. O país também recomendou à população evitar viagens a áreas afetadas.

A Turquia também está preparando uma série de ações, como o uso de câmeras térmicas para identificar pessoas com febre em aeroportos e a separação de passageiros chegados da China. O planejamento envolve levar pacientes suspeitos para uma sala de quarentena e depois, encaminhá-los para um hospital em uma ambulância especial.

Na Austrália, por sua vez, funcionários de fronteira e de biossegurança realizarão inspeções médicas nos passageiros que chegarem nos três voos semanais de Wuhan que chegam a Sydney, além de fornecer aos visitantes panfletos com informações sobre os sintomas da doença.

O governo russo anunciou ter reforçado o controle sanitário em todos os pontos de fronteira em decorrência do crescente número de casos de coronavírus na China. Até a manhã desta quarta-feira a Rússia não havia registrado nenhuma morte relacionada à doença. O país também recomenda que a população evite viajar a regiões chinesas com registro de coronavírus.

Também por causa do coronavírus, a Coreia do Norte anunciou o fechamento da entrada de turistas pelas fronteiras com a Rússia e com a China, nas quais foram instalados postos de quarentena. O país também cancelou voos turísticos internacionais.

Conteúdo editado por:Helen Mendes
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