Um alto funcionário do governo Trump disse no domingo que os EUA "começarão imediatamente" a negociar com a União Europeia para forjar acordos comerciais sobre produtos agrícolas e energéticos, prometendo "uma transação real" para vender mais soja, carne bovina e gás natural líquido aos países europeus.
Larry Kudlow, principal assessor econômico do presidente Trump, disse que estaria envolvido nas negociações, a ser liderado pelo representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer. "Nós começaremos imediatamente", disse Kudlow em entrevista à rede CBS. "Montaremos um processo em camadas para examinar todas as áreas diferentes".
Kudlow ressaltou que amplas discussões sobre agricultura farão parte das negociações bilaterais, ressaltando uma pendência com Bruxelas, que prometeu manter o setor fora da mesa.
Autoridades europeias disseram que já estão envolvidas em negociações com os EUA para aumentar as importações de carne bovina e prometeram comprar mais soja americana após a decisão da China de cortar as importações do produto por conta das divergências entre os dois países. Mas os representantes da UE disseram que deixaram claro para Washington que não incluiriam nenhuma discussão mais ampla sobre agricultura nas negociações pendentes.
Kudlow não se mostrou convencido por essa recusa. "Se a agricultura não faz parte das discussões, por que soja e carne bovina estão ali?". "No documento final assinado por ambos, falamos sobre abertura de mercados para agricultores e trabalhadores".
Trump concordou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na quarta-feira, de fazer uma trégua em uma disputa comercial que surgiu depois que Trump impôs tarifas sobre as importações de aço e alumínio. A Europa havia retaliado, o que provocou novas ameaças de Trump, desta vez de impor restrições ainda maiores às importações de carros europeus. Agora, o acordo estabelece que os dois lados irão trabalhar em conjunto em direção a tarifas zero sobre produtos industriais não automotivos.
As negociações entre a UE e a Casa Branca podem aliviar temporariamente os temores de uma nova escalada da guerra comercial. O recuo veio depois de um alvoroço entre empresas e parlamentares republicanos sobre o impacto potencial da estratégia de Trump na maior economia mundial. Antes do anúncio de quarta-feira passada, vários dos principais assessores econômicos do presidente acreditavam que ele planejava, ainda neste ano, sobretaxar em 25% as importações de carros estrangeiros.
‘Acordo histórico’
Falando a uma multidão de metalúrgicos na quinta-feira (26) em Granite City, Illinois, Trump defendeu um "acordo histórico" com a União Europeia, e disse que a estratégia comercial de seu governo está funcionando e compensando acordos comerciais injustos no passado. "Esta é a hora de endireitar os piores acordos comerciais já feitos por qualquer país da Terra na história", disse ele.
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Trump também falou que a política dos EUA antes de se tornar presidente era "estúpida" e que a economia durante o governo Obama "estava indo para o inferno". Ele caracterizou as negociações da UE, que começaram na quarta-feira, como quase concluídas, mas muitas diferenças permanecem. E as relações com a China ainda são frias e incertas em meio a uma escalada de tarifas.
Economia doméstica
Na semana passada, Trump também vangloriou sua administração pelo crescimento econômico dos EUA, que expandiu a uma taxa anualizada de 4,1% de abril a junho - o crescimento mais rápido desde o terceiro trimestre de 2014. A notícia foi um impulso para Trump e para os republicanos, que buscam transformar uma economia forte em parte fundamental de sua estratégia de campanha para as eleições legislativas de novembro.
"Vamos obter números muito maiores do que esses, e esses são grandes números", disse Trump em uma coletiva de imprensa improvisada em frente à Casa Branca. "Estamos agora a caminho de atingir um crescimento anual médio do PIB de mais de 3% e pode ser substancialmente superior a 3%".
Economistas independentes afirmam que o crescimento deste trimestre foi estimulado pelo corte de um trilhão de dólares nos impostos e uma corrida de empresas estrangeiras para estocar bens norte-americanos antes de uma escalada da guerra comercial. Os gastos do consumidor também foram sólidos.