Os norte-americanos Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak foram apontados nesta segunda-feira como os ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2009. A distinção ocorreu graças a trabalhos desses pesquisadores que têm implicações na investigação do câncer e do envelhecimento. Esta é a primeira vez que duas mulheres estão entre os vencedores do prêmio de medicina.
O trio equacionou um enorme problema na biologia: como os cromossomos podem ser "copiados de forma completa durante a divisão de células e como são protegidos da degradação", lembra o comunicado do prêmio.
O texto acrescenta que os laureados mostraram que a solução para isso deve ser encontrada nos extremos dos cromossomos - os telômeros - e em uma enzima que forma essas estruturas.
Os telômeros são comparados frequentemente com as pontas de plástico dos cadarços de sapatos, que evitam que esses cadarços se desenredem.
Blackburn e Greider descobriram a enzima que produz os telômeros, a telomerase - o mecanismo pelo qual se acrescenta DNA a pedaços de cromossomos para substituir material genético perdido.
"As descobertas de Blackburn, Greider e Szostak acrescentaram uma nova dimensão à nossa compreensão da célula, esclareceram os mecanismos da doença e estimularam o desenvolvimento de potenciais novas terapias", afirmou o comitê do prêmio.
O trabalho dos vencedores do Nobel, feito no final dos anos 1970 Na década seguinte, ele estabeleceu parâmetros para pesquisas que sugerem que as células cancerosas usam a telomerase para dar sustentação a seu crescimento descontrolado. Cientistas estudam se drogas que bloqueiam a enzima podem ser úteis no combate à doença. Além disso, os cientistas acreditam que a reparação do DNA pela enzima pode desempenhar alguma função em algumas doenças.
Elizabeth Blackburn tem cidadania norte-americana e australiana e é professora de Biologia e Psicologia da Universidade da Califórnia, campus São Francisco. Carol Greider é professora no departamento de Biologia Molecular e Genética da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Jack Szostak está na Escola de Medicina da Universidade Harvard desde 1979 e é atualmente professor de genética no Hospital Geral de Massachusetts em Boston. Também é ligado ao Instituto Médico Howard Hughes.
Carol Greider, de 48 anos, disse que recebeu um telefonema pouco antes das 5h com a notícia de que havia ganhado o prêmio. "É algo realmente incrível, uma coisa que não se espera", disse ela à Associated Press por telefone. Ele descreveu a pesquisa começou com experimentos com o objetivo de entender como as células funcionam e não com a ideia de que tivesse implicações para a medicina.
"Recursos para este tipo de ciência motivada pela curiosidade são realmente importantes", disse ela, acrescentando que a pesquisa orientada para uma doença não é a única forma de se chegar a uma resposta, mas que "juntas são cooperativas".
Elizabeth Blackburn, de 60 anos, disse que foi acordada às 2h. "Prêmios são sempre uma coisa boa", disse ela. "Não mudam a pesquisa por si mesmos, mas é muito bom ter reconhecimento e dividi-lo com Carol Greider e Jack Szostak".
Szostak, de 56 anos, afirmou que "há sempre uma pequena chance de que algo como isso possa acontecer, então, quando o telefone tocou, eu achei que poderia ser".
"Quando começamos o trabalho estávamos apenas interessados na questão básica sobre a replicação do DNA, sobre como os extremos dos cromossomos são mantidos", afirmou ele. "Naquela época não tínhamos ideia de que teria essas implicações futuras".
O prêmio, anunciado na segunda-feira, inclui 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão), um diploma e um convite para a cerimônia de entrega de prêmios em Estocolmo, em 10 de dezembro. Os prêmios Nobel de Física, Química, Literatura e da Paz serão entregues no decorrer desta semana. O Nobel de Economia será anunciado em 12 de outubro.
As informações são da Associated Press.
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