As atenções do mundo da indústria da aeronáutica estão voltadas para o Boeing 737 Max 8, um dos modelos mais recentes da maior fabricante de aviões do mundo, que tem capacidade para transportar entre 170 e 210 passageiros e fez o primeiro voo comercial em 2017. Dois acidentes com o modelo, um em outubro, na Indonésia, e outro no domingo, na Etiópia, causaram 346 mortes. Os aviões tinham, no máximo, quatro meses de uso.
Segundo o The New York Times, pelo menos 25 das 68 operadoras do avião interromperam as operações com o modelo, entre elas a brasileira Gol. Autoridades aeronáuticas da China, Malásia, Austrália, Indonésia, Omã, Cingapura, Mongólia, Marrocos, Reino Unido, França, Alemanha e Irlanda ordenaram a suspensão dos voos do avião.
“É um modelo relevante para a aviação comercial”, destaca Arthur Siqueira, analista da GEO Capital. A Boeing já entregou cerca de 350 Boeings 737 MAX a 68 companhias em todo mundo e tem outros 4.600 encomendados para entrega nos próximos anos. “75% delas são da versão MAX 8, o mesmo modelo que caiu na Indonésia e na Etiópia”, diz o analista.
Leia também: GOL suspende voos com modelo que já matou 346 pessoas desde outubro
O episódio com o 737 Max 8 é incomum na história da aviação comercial. Pelo menos outros três modelos, incluindo o Comet 1, o primeiro avião de passageiros a jato enfrentaram sérios problemas nos primeiros voos.
De Haviland Comet 1
De Haviland Comet 1 foi o primeiro avião comercial de passageiros a entrar em operação. O primeiro voo de teste foi em 1949. Estreou comercialmente em maio de 1952. Uma série de seis acidentes - quatro deles fatais, com 110 mortes - nos dois primeiros anos de operação fez com que o projeto fosse questionado e autoridades aeronáuticas britânicas determinassem a interrupção das operações. A produção foi suspensa.
O projeto tinha uma série de deficiências, relacionadas à fadiga do metal. Os constantes ciclos de pressurização e despressurização acentuavam a pressão sobre as bordas de uma das antenas do avião e sobre as janelas da fuselagem, que eram quadradas. Com isso, o avião se rompia e explodia durante o voo.
Leia também: Com ativos da Avianca, Azul deve se tornar segunda maior companhia do país
O projeto do avião foi refeito. E em outubro de 1958, entrava em operação o Comet 4, uma versão remodelada e maior do avião. Mas o preço do pioneirismo foi muito caro para a De Haviland. Três semanas, a Boeing colocava em operação seu primeiro jato comercial de passageiros, o 707, um avião maior e mais novo, com capacidade para transportar entre 120 e 180 passageiros. O Comet transportava, no máximo, 101
Com a falha, a fabricante britânica perdeu espaço. Entre 1949 e 1967, foram produzidos 112 aviões. Só para comparar, foram fabricados 858 Boeings 707 até 1991.
Lockheed Electra
Outro ícone da aviação a ser fortemente questionado foi o Lockheed Electra, conhecido no Brasil por operar a ponte aérea Rio-São Paulo até o início dos anos 90. Dois acidentes, que resultaram na desintegração dos aviões, entre setembro de 1959 e março de 1960, nos Estados Unidos, causaram 97 mortes.
“A confiança do público no avião desintegrou e houve uma espécie de coro que pedia que o avião fosse mantido no chão”, conta o escritor Robert Sterling no livro The Electra Story: The Dramatic History of Aviation’s Most Controversial Airliner (Endeavour Media).
As investigações envolveram a Lockheed e a Nasa. A estrutura das asas se rompia durante o voo, devido a um erro de projeto nas naceles, que abrigavam os motores. A empresa foi obrigada a reprojetá-las. Mas logo deixou de ser produzido. Entre 1957 e 1961, foram fabricadas 170 unidades.
McDonnell Douglas DC-10
O DC-10 foi a resposta da McDonnell Douglas ao lançamento do Boeing 747, em 1970. Os dois aviões inauguraram a era dos widebodies (aviões de fuselagem longa, com dois corredores). O primeiro voo foi em agosto de 1970 e um ano depois, entrava em operação comercial.
Apesar de ter sido um sucesso de mercado, com a produção de 440 aeronaves, entre 1970 e 1989, o projeto apresentava uma deficiência, que resultou no pior acidente da história da aviação até então.
Um avião da companhia turca THY explodiu durante um voo entre Paris e Londres, causando 346 mortes em 3 de março de 1974. O motivo foi a falha no travamento de uma das portas do depósito de cargas. A porta abriu durante o voo, causando a descompressão do avião e o colapso da cabine de passageiros. O sistema hidráulico do avião foi atingido, tornado-o ingovernável.
Um problema similar tinha ocorrido um pouco mais de um ano antes, com um avião da American Airlines, que voava entre Detroit e Bufalo, nos Estados Unidos. Só que os problemas foram menores e o piloto conseguiu pousar com segurança em Detroit.
A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) determinou mudanças na trava das portas após o acidente com o avião turco. O problema não voltou a se repetir.
Mas, em 1979, um novo problema determinou que os DC-10 ficassem proibidos de voar durante cinco semanas nos Estados Unidos e em outros países. Outro avião da American Airlines caiu quando decolava do aeroporto de Chicago, matando 273 pessoas, devido à queda de um dos motores. A investigação constatou que houve um problema de manutenção.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Deixe sua opinião