O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, disse que “não haverá liberdade de expressão para as trombetas do Hamas em Israel”| Foto: Wikimedia Commons
Ouça este conteúdo

No fim de semana, o governo de Israel proibiu a transmissão da emissora catari Al Jazeera no país, um mês após o Parlamento israelense (Knesset) ter aprovado uma lei que proíbe temporariamente qualquer mídia estrangeira que “prejudique a segurança do Estado”.

CARREGANDO :)

O fechamento é válido por 45 dias, mas esse prazo pode ser renovado. O governo do premiê Benjamin Netanyahu argumenta que a Al Jazeera apoia o Hamas, contra quem os israelenses travam uma guerra na Faixa de Gaza desde 7 de outubro em resposta aos ataques do grupo terrorista no território de Israel.

“Não haverá liberdade de expressão para as trombetas do Hamas em Israel. A Al Jazeera será fechada imediatamente e seu equipamento será confiscado”, disse o ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, em declaração conjunta com Netanyahu.

Publicidade

Confira abaixo três pontos para entender o assunto:

As medidas tomadas por Israel

A ordem do Ministério das Comunicações determinou a apreensão de dispositivos “usados para veiculação do conteúdo do canal”, incluindo câmeras, equipamentos de edição, laptops e celulares de profissionais da emissora catari.

A agência France-Presse relatou que o escritório da Al Jazeera em Jerusalém foi fechado e imagens publicadas em redes sociais mostraram autoridades israelenses removendo equipamentos de um hotel em Jerusalém Oriental usado pela emissora.

A própria Al Jazeera informou que seu site também está proibido em Israel.

As acusações

O governo Netanyahu alega que a Al Jazeera é a “porta-voz do Hamas” em Israel. Além de publicar imagens de civis atingidos pela guerra em Gaza, a emissora também veicula com frequência vídeos com declarações de lideranças do Hamas e de outros grupos terroristas, destacou a revista americana Time.

Publicidade

Além disso, as Forças de Defesa de Israel (FDI) alegaram que funcionários da emissora são membros do Hamas, segundo reportagens do jornal Times of Israel.

O jornalista Ismail Abu Omar, ferido em Gaza em fevereiro, foi acusado pelas FDI de ser vice-comandante de uma companhia no Batalhão Leste Khan Younis do Hamas.

Segundo as forças de Israel, Abu Omar entrou em Israel durante os ataques de 7 de outubro e fez imagens internas do kibutz Nir O, onde dezenas de moradores foram mortos ou sequestrados.

As FDI também informaram que documentos recuperados de um laptop revelaram que outro repórter da Al Jazeera, Mohamed Washah, seria comandante de uma unidade de mísseis antitanque do Hamas e também colaboraria com a unidade aérea do grupo terrorista.

Dois jornalistas da Al Jazeera que foram mortos num ataque aéreo israelense em Rafah em janeiro também foram acusados de serem terroristas: Hamza Wael Dahdouh e Mustafa Thuria, ambos “ativamente envolvidos em ataques contra as FDI”, argumentaram as forças de Israel.

Publicidade

As FDI alegaram que um documento encontrado por suas tropas em Gaza provaram que Thuria seria membro da Brigada da Cidade de Gaza do Hamas, como vice-comandante de esquadrão em um dos batalhões, enquanto Dahdouh seria membro da Jihad Islâmica Palestina.

As FDI apontaram que documentos revelaram que ele teria servido na unidade de engenharia eletrônica da Jihad Islâmica e anteriormente teria sido vice-comandante da força de foguetes do Batalhão Zeitoun.

A Al Jazeera negou relações de seus profissionais com o terrorismo e acusou Israel de visar deliberadamente jornalistas da emissora, o que foi negado pelas FDI.

Com sede em Doha, a Al Jazeera é financiada em parte pelo governo do Catar, país onde o braço político do Hamas mantém seu escritório.

Repercussão

A Associação da Imprensa Estrangeira (FPA, na sigla em inglês) considerou que a decisão de fechar a Al Jazeera coloca Israel “num clube duvidoso de governos autoritários”. Já o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) ponderou que a medida “estabelece um precedente extremamente alarmante para restringir os meios de comunicação internacionais que atuam em Israel”.

Publicidade

A Associação para os Direitos Civis em Israel (Acri, na sigla em inglês) apresentou um pedido à Suprema Corte para que a proibição seja suspensa e argumentou que ela serve a “uma agenda com motivação política, destinada a silenciar vozes críticas”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]