Agricultores bloqueiam com tratores o saguão de chegadas e partidas do Aeroporto de Groningen Eelde, durante um protesto em Eelde, Holanda, nesta quarta-feira| Foto: EFE/EPA/KEES VAN DE VEEN
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A Holanda vive dias de protestos deflagrados pelos agricultores do país, devido às metas impostas pelo governo para reduções das emissões de óxidos de nitrogênio provenientes do esterco e urina de bovinos, suínos e outros animais e do uso de amônia em fertilizantes.

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Em resposta, produtores estão bloqueando supermercados, centros de distribuição e estradas em todo o país. Nesta quarta-feira (6), agricultores bloquearam com tratores o Aeroporto de Groningen Eelde, no nordeste da Holanda. Confira alguns pontos para entender como essa revolta tem se espalhado pelo país:

Qual é o plano do governo holandês?

A meta do governo holandês é reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio e amônia em 50% até 2030, por meio de cortes que podem chegar a 70% em áreas próximas de habitats de espécies ameaçadas.

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A estimativa é que, para atingir essas metas, seria necessário reduzir em 30% o número de animais de pecuária. Os governos das províncias holandesas receberam prazo de um ano para elaborar estratégias para fazer esses cortes. Uma das medidas cogitadas é a desapropriação de fazendas com grandes números de animais.

Agricultores bloqueiam a entrada do centro de distribuição de uma rede de supermercados em Nijkerk, na terça-feira (5). Foto: EFE/EPA/ROBIN VAN LONKHUIJSEN

O governo holandês estabeleceu o prazo depois que tribunais do país e europeus emitiram ordens para que o problema seja solucionado.

O que dizem os agricultores?

Os agricultores holandeses alegam que o plano de redução de emissões pode inviabilizar o futuro do setor no país.

“Trata-se de nossas famílias, nosso futuro, o futuro de nossos filhos. É sobre nosso modo de vida”, afirmou o ovinocultor Bart Kemp, um dos organizadores dos protestos, durante manifestação em Haia.

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Pescadores holandeses se juntaram aos protestos, por receio de que metas ambientais também afetem a solicitação de novas licenças de pesca. Nesta semana, alguns deles bloquearam o trânsito de balsas entre Harlingen, no norte holandês, e as ilhas de Terschelling e Vlieland.

Segundo informações do grupo nacional de lobby agrícola LTO reproduzidas pela DW, a Holanda tem quase 54 mil empreendimentos rurais, que somaram exportações de 94,5 bilhões de euros em 2019.

Como tem sido a resposta do governo aos protestos?

O governo holandês tem promovido negociações com grupos que representam os agricultores, das quais participam servidores que atuam nas iniciativas que visam redução das emissões.

“Estamos trabalhando para um setor agrícola forte, de olho em um meio ambiente saudável”, declarou a ministra da Agricultura, Carola Schouten.

Tratores tomam a rodovia A67 durante protesto perto de Hapert, na segunda-feira (4). EFE/EPA/ROB ENGELAAR
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Entretanto, o primeiro-ministro Mark Rutte criticou o que classificou de excessos nos protestos. Em junho, manifestantes realizaram protestos na cidade de Hierden em frente à casa de Christianne van der Wal, ministra do gabinete que supervisiona as políticas ambientais na Holanda, que disse que seus filhos se sentiram ameaçados. Segundo relatos, esterco foi espalhado perto da residência.

“Vocês podem protestar, mas de maneira civilizada. Portanto, não bloqueiem estradas, não soltem fogos de artifício do lado de fora da casa de uma ministra, não espalhem estrume, não assustem crianças e não coloquem famílias em perigo”, disse Rutte.

Na noite de terça-feira (5), a polícia efetuou disparos contra agricultores, alegando que estes estavam dirigindo tratores contra policiais e viaturas para tentar furar um bloqueio na província de Frísia, no norte da Holanda. Ninguém ficou ferido. Três manifestantes foram presos.

Na véspera, protestos foram dispersados com gás lacrimogêneo e cães, e a polícia holandesa aplicou cerca de 200 multas e prendeu vários manifestantes.

Rutte nomeou Johan Remkes, ex-vice-primeiro-ministro, como mediador para as discussões com os agricultores. Porém, a parlamentar Caroline van der Plas, do partido Movimento Cidadão Camponês, disse que Remkes, membro do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (legenda de Rutte), não pode ser considerado imparcial porque participou da produção de um relatório com críticas às emissões de óxidos de nitrogênio em 2020.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]