Radicais islâmicos de um grupo pan-arabista desafiaram nesta sexta-feira o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, declarando um "emirado islâmico" na região, o que desencadeou confrontos nos quais 13 militantes armados foram mortos.
Embora o grupo Jund Ansar Allah ("Guerreiros de Deus") tivesse reunido somente algumas centenas de homens em um evento em uma mesquita de Gaza, o fato marcou um claro desafio ao Hamas, organização nacionalista islâmica palestina, por parte de grupos que advogam uma militância pró-arabista, alinhada com a rede Al Qaeda.
O evento resultou em confrontos entre militantes armados do Hamas e partidários do líder dos Guerreiros de Deus na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito.
Profissionais da área médica disseram que pelo menos 13 militantes foram mortos e cerca de 85 pessoas, incluindo mulheres e crianças, ficaram feridas.
O Hamas afirmou que seus militantes armados invadiram o reduto do movimento, incluindo a mesquita onde Abdel-Latif Moussa - conhecido pelos seguidores por seu nome de guerra, Abu al-Nour al-Maqdessi, no estilo da Al Qaeda - havia anunciado antes das orações da semana o início de um governo teocrático na Faixa de Gaza, começando por Rafah.
O Hamas também invadiu a casa de Moussa, mas não o encontrou.
"Nós declaramos o nascimento do Emirado Islâmico," disse Moussa, um clérigo de meia idade, com uma barba espessa e usando uma túnica vermelha, protegido por quatro homens mascarados de roupas pretas e armados com fuzis. Um parecia estar com um cinturão de explosivos, como os dos atacantes suicidas.
Centenas de homens lotavam a mesquita e reagiam com saudações e gritos. A Al Qaeda costuma usar o termo histórico "emirado" para falar de um regime clerical.
Ismail Haniyeh, que dirige o governo do Hamas em Gaza, negou em seu sermão nesta sexta-feira que militantes armados não-palestinos estejam no território, como alega Israel. Segundo Israel, veteranos das guerras do Afeganistão e Iraque fixaram residência na Faixa de Gaza.
"Tais grupos não existem no solo da Faixa de Gaza. Não há combatentes em Gaza a não ser os combatentes que são moradores de Gaza," disse ele.
Essa "propaganda sionista" de Israel foi criada para fazer com que o mundo se volte contra o Hamas, afirmou Haniyeh.
Outra autoridade do Hamas, Sami Abu Zuhri, qualificou o discurso de Moussa de "pensamento errado" e o Ministério do Interior assinalou que ele é "louco."
O grupo de Moussa anunciou sua presença em Gaza dois meses atrás, depois que três de seus membros foram mortos em uma incursão contra uma base israelense na fronteira na qual os militantes atuaram montados em cavalos.