Madri A Justiça espanhola anuncia amanhã, em meio à grande expectativa e fortes medidas de segurança, a sentença do julgamento pelos atentados ocorridos em Madri no dia 11 de março de 2004, em que morreram 191 pessoas e 1.841 ficaram feridas. A divulgação será feita em sessão pública na sala especial onde se reuniu a Audiência Nacional supremo tribunal espanhol para a realização do julgamento, entre Fevereiro e Julho deste ano.
Estarão presentes os 28 acusados e os seus advogados, bem como vítimas e os seus familiares, para a leitura da sentença, pelo juiz Javier Gomez Bermudez.
No fim de semana, os 18 acusados que estão em prisão preventiva foram transferidos dos 11 estabelecimentos onde estavam detidos para quatro cadeias de Madri. A mudança de local foi necessária para que ele possam estar presentes à leitura.
Gomez Bermudez conseguiu até agora evitar fugas de informação quanto às deliberações sobre a sentença.
Um dos acusados, que seria o ideólogo dos atentados, Rabei Osman El Sayed, conhecido como "O Egípcio", conhecerá a sentença através de videoconferência, uma vez que, depois do julgamento de Madri, ele regressou à Itália para acabar de cumprir uma condenação por pertencer a uma organização terrorista.
A sentença de amanhã deve dar resposta a várias interrogações surgidas durante os três anos de instrução do processo e os quatro meses e meio de julgamento.
O texto poderá esclarecer questões como a razão que levou os terroristas a cometer os atentados em Madri, a possibilidade de a organização separatista basca ETA ter algo a ver com eles, o tipo de explosivos usados, o manejo das provas após os atentados ou as possíveis falhas das forças de segurança.
Segundo o juiz Juan del Olmo, que instruiu o processo, e a Procuradoria, os acusados visitaram um "site" islâmico na internet que exortava os "mujahedines" a atuar contra a Espanha devido à sua participação na guerra no Iraque e recomendava que fosse aproveitada a proximidade das eleições, que se realizaram três dias depois, em 14 de março.
Sobre o envolvimento da ETA, cuja implicação é admitida por alguns órgãos de comunicação e setores conservadores, afirmou-se na instrução que essa possibilidade não tinha qualquer consistência.
O tribunal interrogou contudo três integrantes do ETA, detidos dias antes do 11 de março quando transportavam para Madri um veículo carregada de explosivos. Os três negaram qualquer relação com grupos radicais islâmicos.
Apenas o ex-diretor-geral da polícia Agustín Díaz de Mera se referiu a um suposto relatório sobre as ligações da ETA com o massacre, mas a sua recusa em revelar quem lhe tinha fornecido as informações levou o tribunal a acusá-lo de desobediência.