Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, em sessão do Congresso argentino em 29 de dezembro de 2020| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni
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Um tribunal da Argentina arquivou nesta quinta-feira o processo contra a ex-presidente e atual vice-presidente do país, Cristina Kirchner, por supostamente ter encoberto os iranianos acusados do atentado a bomba cometido em 1994 contra a associação judaica Amia, por meio da assinatura de um memorando com o Irã durante seu governo (2007-2015).

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A decisão foi tomada pelo 8º Tribunal Oral Federal, que considerou que a assinatura do memorando com o Irã em 2013 "não constituía crime", o que beneficia todos os acusados no caso. O Ministério Público, porém, pode recorrer, assim como as ações movidas pela Delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA) e pelas famílias das vítimas do ataque.

O advogado Gregorio Dalbón, defensor de Cristina Kirchner, disse estar "satisfeito" com a decisão, mas classificou o caso como uma "invenção" do juiz de instrução que conduziu o inquérito, o falecido Claudio Bonadio, que em 2018 havia levado o caso a julgamento.

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Em maio, a vice-presidente havia solicitado a anulação do processo, alegando, entre outras razões, interferência política, especificamente devido a supostas reuniões que teriam ocorrido entre o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) e dois dos juízes que participaram no caso, Gustavo Hornos e Mariano Borinsky.

O memorando com o Irã foi assinado em 27 de janeiro de 2013, com Cristina como presidente, e previa a criação de uma comissão especial para uma investigação conjunta entre os dois países sobre o atentado à Amia, que deixou 85 mortos e cuja autoria o sistema de justiça argentino atribui a ex-funcionários do alto escalão do governo iraniano e da organização xiita libanesa Hezbollah.

A acusação contra Cristina Kirchner data de janeiro de 2015, quando o promotor Alberto Nisman, que investigava o atentado, alegou que a então presidente e vários de seus assessores supostamente tentaram encobrir suspeitos iranianos.

Porém, Nisman foi encontrado morto, baleado na cabeça, quatro dias depois de formalizar a denúncia.

O memorando nunca entrou em vigor, porque, embora o Congresso argentino o tenha ratificado, ele nunca foi aprovado no Irã.

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