Ouça este conteúdo
O Tribunal Metropolitano de Primeira Instância de Daca aceitou a petição de acusação contra a ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, e seis dos seus colaboradores por uma das centenas de mortes ocorridas durante os recentes protestos no país.
Este é o primeiro caso a ser aceito para julgamento contra a ex-governante de Bangladesh desde que deixou o país, em 5 de agosto, quando renunciou ao cargo que ocupava ininterruptamente desde 2009, devido às mobilizações contra o Executivo do partido Liga Awami.
Antes de ouvir a decisão do tribunal, o demandante, Amir Hamza, disse à Agência EFE que apresentou uma queixa contra a ex-primeira-ministra e seis dos seus colaboradores pela morte do proprietário de uma mercearia durante um tiroteio policial ocorrido em 19 de setembro no bairro de Mohammadpur, na capital Daca.
“Não conheço pessoalmente a vítima, mas esta morte me comoveu muito”, acrescentou Hamza, que afirmou não ter filiação política.
Seu advogado explicou à EFE que o tribunal recebeu a petição e concluiu a audiência antes que o magistrado a deixasse pendente de resolução. Além de Hasina, dois ex-ministros e quatro policiais estão entre os acusados.
Segundo estimativas da EFE, mais de 400 pessoas morreram em Bangladesh desde 1º de julho, quando começaram de forma pacífica as mobilizações estudantis contra a então primeira-ministra Sheikh Hasina.
O que começou como um protesto de estudantes contra um polêmico sistema de cotas no emprego público para descendentes de ex-combatentes na guerra de libertação de Bangladesh (1971) logo se tornou uma “revolução” liderada pelos jovens do país, que terminou com a saída precipitada de Hasina do poder e a formação de um governo interino liderado pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Hasina permanece em Nova Delhi desde a sua partida do país, onde aguarda seu futuro incerto.
Seu filho e aliado político, Sajeeb Wazed, não excluiu a possibilidade que a ex-primeira-ministra possa regressar à linha da frente da política de Bangladesh no contexto de eventuais eleições gerais.
Conteúdo editado por: Fábio Galão