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Justiça

Tribunal italiano condena cientistas por terremoto

Construções destruídas pelo terremoto de abril de 2009 na cidade italiana de L’Aquila, que teve saldo de mais de 300 mortos | Alessandro Bianchi/Reuters
Construções destruídas pelo terremoto de abril de 2009 na cidade italiana de L’Aquila, que teve saldo de mais de 300 mortos (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)

Um tribunal da Itália condenou ontem sete cientistas por não ter alertado os cidadãos que um terremoto atingiria o país em 2009. O terremoto deixou mais de 300 mortos.

O tribunal da cidade de L’Aquila condenou os réus a seis anos de prisão por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Eles faziam parte da Comissão de Grandes Riscos do país.

Os membros da comissão se reuniram na cidade de L’Aquila em 31 de março de 2009, seis dias antes do abalo sísmico que atingiu o local e foi sentido em diversas partes do país, no dia 6 de abril. Para o tribunal, a comissão falhou em suas funções por ter subestimado os riscos do terremoto.

Entre os cientistas, estão­­ figuras renomadas na Itália, como o professor Enzo Boschi, ex-presidente do Instituto Na­­cional de Geofísica e Vul­­ca­­nologia do país.

Na Itália, as condenações não são definitivas até que se julguem os recursos, o que torna improvável que os cientistas cumpram as sentenças imediatamente.

Organismos científicos internacionais criticaram o processo contra os cientistas, argumentando que o risco judicial pode demover os cientistas de assessorar governos ou mesmo de trabalhar em campos como sismologia e avaliação de riscos sísmicos.

"A questão aqui é da falha de comunicação na ciência e não deveríamos colocar na prisão cientistas responsáveis, que deram informações mensuradas e cientificamente precisas", disse Richard Walters, do Departamento de Ciências de Terra, da Uni­­versidade de Oxford.

O tremor de magnitude 6,3, ocorrido às 15h32 de 6 de abril de 2009, destruiu dezenas de milhares de construções na cidade, que fica na região italiana de Abruzzo, e deixou 308 mortos e mais de mil feridos.

Promotores dizem que tre­­mores de baixa intensidade nos meses anteriores deveriam ter servido de alerta para os cientistas e que a população deveria ter sido prevenida.

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