Ouça este conteúdo
David Pecker, executivo do conglomerado American Media Inc., disse nesta terça-feira (23) a um tribunal de Nova York que favoreceu a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016, após um acordo que, segundo a Promotoria, fez parte de uma "estrutura criminosa" para corromper a eleição.
O ex-presidente dos EUA, presente no tribunal, é acusado criminalmente de falsificar registros contábeis para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels para que um suposto caso entre os dois não viesse à tona, o que teria prejudicado sua ascensão à Casa Branca há oito anos.
A trama, de acordo com a Promotoria de Manhattan, foi complementada pelo trabalho de Pecker, editor da revista National Enquirer, que comprou os direitos de publicação de duas outras histórias extraconjugais - um suposto caso com a modelo Karen McDougal e a existência de um filho ilegítimo de Trump, informação que foi negada posteriormente. As ações foram tomadas para proteger a candidatura do então candidato presidencial à época, segundo Pecker.
"O que eu deveria fazer era publicar histórias positivas sobre o senhor Trump e histórias negativas sobre seus adversários", disse o executivo, a primeira testemunha a depor no julgamento, que foi chamado pela acusação após o término dos argumentos iniciais.
Os promotores afirmaram nesta segunda (22) que essa suposta "conspiração", que foi mediada por Michael Cohen - ex-advogado do ex-presidente - foi forjada com uma reunião no edifício Trump Tower em 2015.
De acordo com Pecker, Trump era na época "o solteiro mais cobiçado e namorava as mulheres mais bonitas", por isso o ex-presidente pediu a Cohen que marcasse uma reunião a três para articular a trama.
"Recebi uma ligação de Michael Cohen dizendo que o chefe queria me ver (...) Achei que isso ajudaria a campanha dele, mas eu também me beneficiaria", acrescentou.
O executivo de mídia reconheceu que também publicou histórias em tabloides para minar as aspirações de dois rivais conservadores de Trump: Marco Rubio e Ted Cruz.
Ele também disse que usou a influência da National Enquirer para prejudicar a imagem da então candidata democrata, Hillary Clinton. "Mostrava Hillary como facilitadora de casos em que Bill Clinton parecia um mulherengo", declarou.
A acusação passou então a pedir a ele manchetes específicas da National Enquirer sobre esses personagens políticos, o que fez com que Trump, quase que pela primeira vez durante toda a manhã, mudasse sua postura impassível e se aproximasse da tela onde se projetava a sessão.
Por fim, Pecker também revelou que o ex-presidente o apresentou em 2016 ao seu ex-assessor Steve Bannon - condenado em 2022 por desacato ao Congresso quando estava sendo julgado seu vínculo com o ataque ao Capitólio - porque considerou que poderiam "trabalhar muito bem juntos".
VEJA TAMBÉM:
- Trump chama juiz de “altamente conflituoso” nas redes sociais durante pausa em julgamento
- Antes de entrar no tribunal, Trump diz que protestos antissemitas nas universidades são uma “vergonha” para o país
- Biden quer lançar programa para legalizar imigrantes ilegais casados com cidadãos americanos, diz jornal