Pesquisadores vencedores do Nobel de Química descobriram método que simplifica visualização de moléculas| Foto: JONATHAN NACKSTRAND/AFP

O Nobel de Química deste ano ficou com os pesquisadores Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson pela pesquisa envolvendo criomicroscopia eletrônica. Um novo método na área melhora e simplifica a visualização de moléculas. A partir da criomicroscopia os cientistas conseguem congelar moléculas em meio a processos orgânicos e, a partir disso, entender o processo que está ocorrendo.

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A técnica foi utilizada no estudo do vírus da zika.

"Este método coloca a bioquímica em uma nova era", declarou a Academia Real Sueca de Ciências ao anunciar os vencedores. "Pesquisadores agora podem congelar biomoléculas no meio de seus movimentos e visualizar processos que nunca foram vistos antes, o que é decisivo para o entendimento da vida e para o desenvolvimento de remédios", explicou a declaração.

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O anúncio dos ganhadores foi feito na manhã desta quarta-feira (4), na Suécia.

Este ano houve um aumento na premiação e os laureados recebem 9 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 3,5 milhões). O dinheiro é fruto de um fundo de mais de 4 bilhões de coroas suecas (em valores atuais) deixado pelo pai do prêmio, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite e para quem a química foi a principal área de conhecimento ligada a seu trabalho.

Além da premiação em dinheiro, os laureados também recebem uma medalha e um diploma.

Os ganhadores do Nobel são escolhidos pela Academia Real Sueca de Ciências entre candidatos selecionados pelo Comitê do Nobel para Química -composto por cinco membros, além de outros adjuntos.

Nobel 2017

As indicações para as "semifinais" do prêmio partem de pesquisadores convidados a sugerir nomes -são enviados formulários para cerca de 3.000 pessoas. Membros da Academia Real Sueca de Ciências, dos Comitês do Nobel para química e física, e laureados de química e física podem indicar cientistas ao prêmio.

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Pequenas máquinas

O Nobel de Química do ano passado foi para as máquinas moleculares, as menores do mundo. Os premiados foram os cientistas Jean-Pierre Sauvage, J. Fraser Stoddart e Bernard L. Feringa.

A área de pesquisa pode ter um impacto significativo na medicina, com o transporte de medicamentos por nanorobôs. Outras possibilidades são a computação molecular e materiais inteligentes que se adaptam a condições externas –sim, pode imaginar livremente as roupas e tênis de Marty McFly, do filme "De Volta para o Futuro".

História

A láurea é dada para o(a) pesquisador(a) responsável pela "descoberta ou aperfeiçoamento químico mais importante". Até o momento, desde 1901 -primeiro ano da premiação-, só quatro mulheres foram laureadas.

Em oito ocasiões, por conta das duas guerras mundiais, o Nobel de Química não foi entregue. Isso ocorreu nos anos de 1916, 1917, 1919, 1924, 1933, 1940, 1941 e 1942.

Entre as pesquisas premiadas estão a descoberta e trabalho com os elementos químicos rádio e polônio (Marie Curie, 1911 -ela também ganhou um Nobel de Física); a pesquisa sobre ligações químicas (Linus Pauling - 1954); e a contribuição para melhor entendimento do DNA (Frederick Sanger, 1980 –foi o segundo Nobel de Química dele).

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Medicina

O prêmio de fisiologia ou medicina deste ano, entregue nesta segunda (2), foi para os pesquisadores que desvendaram os mecanismos moleculares que controlam os ritmos circadianos -que fazem com que nosso organismo se comporte de forma diferente dependendo da hora do dia.

Os americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young conseguiram explicar a ação de alguns genes sobre o "relógio interno" de organismos.

Física

Já o prêmio de física, de forma um pouco mais esperada pela comunidade científica, ficou com os pesquisadores responsáveis pela detecção direta das ondas gravitacionais - confirmando uma predição da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. A premiação para pesquisa era esperada desde o ano passado, mas, por uma questão de dias, o estudo não pôde ser indicado ao Nobel.

Os laureados foram Kip Thorne, Rainer Weiss, e Barry Barish, membros da colaboração Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser, na sigla em Inglês).