Atentados terroristas a bomba nos arredores de duas mesquitas deixaram ao menos 42 mortos e 400 feridos ontem no norte do Líbano.
Os ataques coordenados, feitos após as orações do meio-dia em área de maioria sunita, são os mais violentos em Trípoli desde o fim da guerra civil (1975-1990).
A cidade, a segunda maior do país (cerca de 200 mil habitantes), é uma das mais voláteis, reunindo pequena população alauita (ramo xiita) entre uma maioria sunita.
O Líbano enfrenta, como reflexo da crise na Síria, grave onda de violência sectária. Na semana passada, uma explosão fez 24 mortos em uma região xiita ligada ao movimento extremista Hezbollah.
Enquanto a população sunita apoia a insurgência contra a ditadura na Síria, xiitas defendem o regime de Bashar Assad. O Hezbollah envolveu-se em conflitos armados, enviando homens ao território vizinho.
Horror
"Vejo sete corpos dentro de carros queimados", disse uma testemunha à Reuters, em Trípoli. Ela estava no local da primeira explosão, em frente da Mesquita Taqwa, que é frequentada por radicais islâmicos sunitas. Pelo menos 14 pessoas foram mortas no local.
As outras mortes ocorreram na segunda explosão, do lado de fora da Mesquita Al-Salam. Pelo menos 358 pessoas ficaram feridas, disse o ministro da Saúde, Ali Hassan Khalil.
Ambulâncias correram para o local das explosões em Trípoli e uma pesada fumaça preta cobriu o horizonte da cidade costeira do Mediterrâneo.
Imagens da tevê libanesa mostraram uma grande cratera do lado de fora da mesquita Salam, e uma grande zona de explosão com carros retorcidos e em chamas. As pessoas corriam pelas ruas, algumas delas carregando corpos ensanguentados de feridos.
Dois corpos podiam ser vistos no chão e blocos de apartamentos tiveram suas janelas e varandas destruídas.
Em seguida, homens armados furiosos saíram às ruas de Trípoli e dispararam para o ar. Perto dos locais das explosões, homens furiosos atiraram pedras em soldados libaneses que examinavam o local.
O subúrbio ao sul de Beirute dominado pelo Hezbollah foi atingido por dois carros-bomba há pouco mais de um mês. O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, culpou os islamitas sunitas radicais.
Salem al-Rafei, clérigo-chefe da mesquita Taqwa, é um ferrenho defensor dos rebeldes sunitas sírios, bem como dos militantes sunitas libaneses que se juntaram à batalha contra Assad na Síria.