Seul - Embarcações das Coreias do Norte e do Sul trocaram tiros na manhã de ontem perto dos limites marítimos entre os dois países no Mar Amarelo. A troca de tiros, aparentemente iniciada por um disparo de advertência efetuado pela embarcação sul-coreana, durou cerca de dois minutos e elevou a tensão na região às vésperas da visita do presidente dos EUA, Barack Obama, à Ásia.
Esta foi a primeira vez em sete anos em que embarcações das Coreias do Norte e do Sul engajaram-se nesse tipo de ato hostil. Trata-se também do primeiro episódio de violência entre os dois países em um ano no qual Pyongyang provocou agitação em Seul e outras capitais por causa de seu programa nuclear.
A Casa Branca advertiu a Coreia do Norte contra qualquer ação que possa ser vista como uma "escalada". "Eu gostaria de dizer aos norte-coreanos que nós esperamos que não aconteçam outras ações no Mar Amarelo que possam ser vistas como uma escalada", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a bordo do avião presidencial dos Estados Unidos, o Air Force One. Gibbs acompanhava Obama numa viagem ao Texas.
Até a noite de ontem, pelo horário local na Península Coreana, não havia indícios quanto a uma possível escalada do incidente, apesar de os dois países terem apresentado relatos divergentes sobre o ocorrido e protestado verbalmente um contra o outro.
De acordo com os relatos disponíveis, uma patrulha naval sul-coreana teria causado extensos danos a uma embarcação militar da Coreia do Norte durante a troca de tiros em mar aberto.
Depois de uma reunião com assessores, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, orientou o Exército a agir com firmeza, mas mantendo a calma para impedir que a situação venha a piorar, informou a assessoria de imprensa do chefe de Estado.
O primeiro-ministro Chung Un-chan acusou a embarcação norte-coreana de ter promovido "um ataque direto" contra o barco de patrulha sul-coreano, mas admitiu a possibilidade de o episódio ter sido "acidental".
A Coreia do Norte, por sua vez, divulgou nota por intermédio da mídia estatal do país na qual exigia de Seul um pedido de desculpas pelo incidente, qualificado por Pyongyang como um ato provocativo por parte da armada sul-coreana.
A fronteira marítima, conhecida como Linha Limítrofe Norte, foi cenário de batalhas navais com mortes em 1999 e em 2002 e tem sido um constante foco de tensão.
No mês passado, a Marinha da Coreia do Norte acusou a Coreia do Sul de enviar navios de guerra para cruzar a fronteira e advertiu que as provocações poderiam causar confrontos armados.