Bagdá Um soldado norte-americano que trabalhava como intérprete no Iraque está desaparecido em Bagdá, segundo fontes do Exército dos Estados Unidos. O soldado, visto pela última vez na segunda-feira, pode ter sido seqüestrado por insurgentes iraquianos. Em um comunicado emitido ontem, o Exército informou que o desaparecimento foi registrado às 19h30 de segunda-feira (hora local) e que forças dos EUA e do Iraque montaram uma operação especial para localizar o desaparecido.
O norte-americano, cujo nome não foi divulgado, vinha atuando na zona verde, a área de segurança onde ficam a embaixada dos EUA, os principais prédios do governo iraquiano e o Parlamento.
O caso é bastante incomum, já que soldados norte-americanos raramente se afastam de suas unidades. Deixar as bases militares sozinho é uma grave violação das normas impostas às tropas.
Veículos blindados e helicópteros cercaram a região de Karrada, onde os americanos montaram postos de controle e empreenderam buscas de porta em porta. Próximo da zona verde, os soldados também estão revistando carros. Segundo um porta-voz militar, "todos os recursos serão utilizados nas buscas.
O desaparecimento lembra os seqüestros de dois soldados norte-americanos ocorrido em junho passado perto de Yusufiya, bastião da Al Qaeda que fica ao sul de Bagdá, em uma emboscada que matou um terceiro soldado. Os dois homens capturados foram encontrados mortos.
O suposto seqüestro também ocorre a duas semanas das eleições legislativas nos Estados Unidos. A recente onda de violência no Iraque, particularmente contra soldados norte-americanos, prejudica as chances do Partido Republicano na disputa eleitoral. As pesquisas indicam ampla vantagem para os democratas nas eleições parlamentares, marcadas para o dia 7 de novembro.
Em outubro, os EUA registraram número recorde de baixas entre integrantes do Exército norte-americano no Iraque. Foram 86 mortes. A violência aumentou a pressão doméstica para que o governo de George W. Bush mude sua estratégia para a região. As famílias estão cansadas de perder seus filhos em uma guerra cujo fim parece distante. Além disso, dossiês, relatos e rastreamentos "in loco" provaram que o Iraque não tinha armas de destruição em massa, acusação levantada por Bush como justificativa para a guerra.
Segundo uma pesquisa divulgada ontem pela rede de tevê norte-americana CNN, quase dois terços dos eleitores dizem acreditar que não há vencedores no conflito do Iraque, em que mais de 2.750 norte-americanos morreram.
A Casa Branca se recusa a fixar uma data específica para retirar suas forças do país, alegando que isso só favoreceria as atividades dos insurgentes. A pesquisa da CNN, porém, mostra que esse é o desejo de mais da metade dos cidadãos norte-americanos.