Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que integrantes das forças de paz no Haiti e em países da África deram dinheiro e mercadorias em troca de sexo com moradores de regiões ocupadas.
O documento, divulgado na última quarta-feira pelas agências de notícias Reuters e Associated Press, traz mais um caso de abuso e exploração sexual nas missões de paz, o que é proibido pela organização. Os detalhes do caso não foram divulgados.
Segundo o Escritório para Serviços de Fiscalização Interna (OIOS), existem 480 denúncias de pessoas que teriam passado por esse tipo de abuso no Haiti, na Libéria, na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul.
Os casos teriam ocorrido entre 2008 e 2014. O maior número de ocorrências foi registrado no Haiti, onde 231 pessoas disseram ter feito sexo para receber mercadorias. A missão no país é chefiada pelo Brasil.
Um terço dos casos de abuso sexual envolveria crianças e adolescentes. O relatório não cita o número de militares envolvidos ou suas nacionalidades.
As principais moedas de troca são alimentos, materiais de construção, produtos para crianças, remédios, móveis e eletrodomésticos. Nas cidades, também são pedidos dinheiro, sapatos, perfumes e celulares.
Sem punição
A ONU não tem o poder de punir os soldados, responsabilidade que é dos Estados participantes. A OIOS deve revelar o documento na semana que vem, mas adiantou que foram registrados 51 casos de abuso em 2014 e 66 em 2013.
Pelo regulamento da ONU, é “desaconselhado” qualquer tipo de relação sexual entre membros das missões de paz e moradores das regiões ocupadas. Cerca de 125 mil soldados de dezenas de países servem em missões de paz em 16 países da África, da Ásia, da Europa, do Oriente Médio e do Caribe.