A destruição no Haiti deve manter por no mínimo mais cinco anos a presença de tropas brasileiras no país, afirmou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para ele, a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) precisa ter seu orçamento e foco de ação ampliados para manter a paz no local.
Ele considera "impossível a saída antes desse prazo. Jobim reivindicou ainda que a gerência dos recursos obtidos com doações seja entregue à missão. "[A ajuda] tem que ser multilateral, conduzida e coordenada por autoridades haitianas e da Minustah.
O ministro disse que pediu ao presidente do Haiti, René Préval, que definisse uma autoridade para coordenar o uso e o pedido de ajuda e doações ao país. Jobim defende que a Minustah participe do planejamento.
Em declaração ontem, Préval pediu para que os países não briguem entre si durante a crise. Na capital haitiana, aumentavam os sinais de tensão no aeroporto internacional, em parte pela dificuldade de doações e equipes chegarem ao país.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que coordena as ações brasileiras de assistência ao Haiti, minimizou a suposta disputa causada pelo envio de entre 9 mil e 10 mil soldados americanos ao país caribenho, um contingente maior do que o comandado pelo Brasil, e disse que a prioridade do governo neste momento é ajudar as vítimas do terremoto.
Contrariando as declarações de Jobim, o subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Simões, disse que a necessidade de redefinir o tempo de permanência das tropas brasileiras no Haiti é algo que será avaliado mais adiante. "A preferência do governo no momento é ajudar o povo haitiano."
Mandato
Para Jobim, a manutenção da paz no Haiti depende da ampliação do mandato da Minustah. O atual concedido pela ONU encerra-se em 2011.
Atualmente, o orçamento da tropa só pode ser gasto em ações para manutenção da ordem. As obras civis, como pontes e reformas de prédios, só são autorizadas caso sejam necessárias para deslocamento e uso da tropa.
Jobim afirmou que vai sugerir esta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a ampliação deste foco. "A manutenção da paz depende da reconstrução do país. Precisamos caminhar para a possibilidade de termos uma atividade real, disse ele.
O Exército já tem planejado a construção de uma hidrelétrica com capacidade de 32 MW ao norte de Porto Príncipe, capital do país e a cidade mais afetada pelo terremoto.
"Uma das condições básicas para o desenvolvimento é ter energia. Isso permite a instalação de indústrias, o que gera empregos, disse ele.