Forças do governo do Iraque e milicianos apoiados pelo Irã entraram em uma cidade iraquiana nos arredores do sul de Tikrit, berço de Saddam Hussein, nesta sexta-feira (6), intensificando a maior ofensiva até o momento contra os militantes do Estado Islâmico. Comandantes militares disseram que o Exército e as milícias majoritariamente xiitas recuperaram a cidade de Al-Dour, nas cercanias de Tikrit, conhecida fora do Iraque como a área onde o ex-ditador Saddam foi encontrado escondido perto de uma casa de fazenda em 2003.
Não ficou claro de imediato se a cidade toda foi tomada. Algumas autoridades declararam que as tropas só ocupavam o leste e o sul da localidade, que os combatentes do Estado Islâmico em retirada deixaram repleta de bombas. Mas Hadi al-Amiri, líder da maior milícia xiita envolvida na operação, disse que Al-Dour foi “totalmente liberada” e que o avanço sobre Al-Alam, outra cidade crucial ao norte de Tikrit, irá acontecer no sábado.
Faz cinco dias que o Exército, juntamente com milhares de milicianos xiitas apoiados e aconselhados pelo Irã, está empenhado na ofensiva sobre a cidade-natal de Saddam, Tikrit, de longe o principal alvo da campanha, cuja meta é reverter as conquistas obtidas pelos militantes do Estado Islâmico no ano passado.
O ataque ao coração sunita do Iraque tem importância simbólica para os dois lados. Autoridades afirmaram nesta sexta-feira terem capturado uma fazenda ao leste de Tikrit que pertenceu ao vice de Saddam, Ezzat Ibrahim al-Douri, hoje um aliado proeminente dos combatentes jihadistas.
Douri, rei de paus no baralho que o Exército dos Estados Unidos usava para mostrar as principais figuras do governo de Saddam na esteira da invasão norte-americana de 2003, é o único membro do círculo íntimo do falecido presidente ainda solto. Gravações de 2014 nas quais ele supostamente jura aliança ao Estado Islâmico foram um dos fatores que ajudaram os militantes a se mostrar como libertadores do território sunita.
Tikrit é a primeira grande cidade que as forças iraquianas tentam retomar do grupo radical no norte do país, e o governo torce para que a campanha consiga reverter o ímpeto dos combatentes, que ocuparam aquela região no ano passado.
O Irã teve um papel de destaque na campanha - Qassem Soleimani, comandante da força de elite Quds da Guarda Revolucionária, foi visto no campo de batalha nesta semana ajudando a supervisionar a ofensiva. Já os EUA afirmaram não terem participado da ação, apesar dos ataques aéreos que vem realizando contra os combatentes do Estado Islâmico tanto no Iraque quanto na Síria.