Mulher iraquiana foge de área de conflito e migra, assim como centenas de nativos, para os campos de refugiados| Foto: BULENT KILIC/AFP

As forças iraquianas enfrentavam, neste domingo (23), os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), em meio a emboscadas, franco-atiradores e carros-bomba que tentam impedir o cerco a Mossul e a outras regiões do país.

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As forças curdas anunciaram uma nova ofensiva em Bashiqa, ao nordeste de Mossul, onde quase 10 mil combatentes participam da ofensiva da cidade, que permanece sob controle do EI.

Segundo Ancara, esse avanço contou com a colaboração da artilharia turca.

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Os “peshmerga” curdos, etnia que mantém um duro confronto na região com Ancara, “pediram ajuda aos nossos soldados da base de Bashiqa. Estamos lhes fornecendo apoio com artilharia e tanques”, garantiu na televisão turca o primeiro-ministro desse país, Binali Yildirim.

A operação coincidiu com a visita do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, à região autônoma do Curdistão iraquiano para apoiar essa ofensiva, que conta com suporte aéreo e terrestre da coalizão liderada por Washington.

Carter relatou que o próximo objetivo é isolar a grande capital do “califado” do EI em Raqa, a cidade do norte da Síria.

Para isso - afirmou -, “estamos trabalhando com nossos sócios lá (na Síria)”, para que ambas as operações, a reconquista de Mossul e a de Raqa, sejam “simultâneas”. Iniciada na segunda-feira (17), a ofensiva pretende recuperar a última grande cidade e reduto simbólico iraquiano sob controle do EI, um novo golpe para o auto-declarado “califado” dos extremistas na Síria e no Iraque.

Ataques

O EI respondeu, na sexta-feira (21), com um ataque surpreendente à cidade de Kirkuk, controlada pelos curdos. Dois dias depois, as forças iraquianas ainda enfrentam os combatentes envolvidos no ataque. Contudo, dezenas de criminosos, incluindo vários homens-bomba, não conseguiram controlar os prédios mais importantes do governo, mas espalharam o caos em Kirkuk, uma cidade multiétnica e rica em petróleo. Ao menos 51 extremistas foram mortos, incluindo três neste domingo (23), de acordo com fontes oficiais.

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Os confrontos esporádicos prosseguiam neste domingo (23), ao mesmo tempo em que as forças iraquianas cercavam os extremistas no distrito de Nidaa, em Kirkuk. Quarenta e seis pessoas, a maioria integrantes das forças de segurança, morreram no ataque de sexta-feira. Em outra frente de batalha, unidades de elite tentavam retomar o controle de Qaraqosh, ao leste de Mossul, que era a principal cidade cristã do Iraque.

O trânsito de feridos é incessante perto de Mossul. O diretor de um hospital na localidade de Erbil, nas mãos dos curdos, explicou à AFP que recebeu mais de 100 feridos “pershmerga”. Ao mesmo tempo, o EI também atacou Rutba, um vilarejo remoto próximo da fronteira com a Jordânia, na província de Anbar (oeste) com cinco carros-bomba.

Os extremistas assumiram o controle do gabinete do prefeito por alguns minutos, mas as forças oficiais conseguiram recuperar o local.

Resistência

O ataque espetacular a Kirkuk, um tipo de ação que, segundo analistas, pode ser repetida à medida que o EI perde terreno, desviou temporariamente a atenção de Mossul. Mas nada parece indicar que o ataque tenha provocado algum impacto na ofensiva para recuperar a cidade - a maior operação do Exército iraquiano em anos.

Em sua viagem ao Iraque, Carter se reuniu com o primeiro-ministro Haider Al-Abadi e com o líder curdo Masud Barzani. Também, o general americano Stephen Townsend, comandante da coalizão, afirmou no sábado (22) que os extremistas oferecem uma resistência feroz.

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“É bastante significativo. Estamos assistindo a fogo inimigo indireto, com múltiplos artefatos explosivos improvisados, múltiplos objetos explosivos improvisados colocados em veículos a cada dia, inclusive alguns mísseis teleguiados antitanque”, disse ele em Bagdá.

O Exército americano acredita que o EI tenha entre 3 a 5mil combatentes dentro de Mossul e entre mil a 2 mil nos arredores. Um funcionário do governo francês disse à AFP que a incursão em Mossul, que ainda pode durar um mês, poderia marcar o início de uma fase de duras batalhas nas ruas com o EI. No total, 1,2 milhão de pessoas vivem na cidade, controlada pelo EI há dois anos. Milhares de civis fugiram para acampamentos ao sul de Mossul desde então.

“Mais de 5.000 pessoas são consideradas deslocadas e precisam de ajuda humanitária”, alertou a ONU neste domingo.

A operação pode resultar em até um milhão de deslocados, o que provocaria uma situação de emergência humanitária sem precedentes, em um país no qual mais de três milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas nos últimos dois anos.

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