G-8
Resposta ao terrorismo deve ocupar o topo das discussões diplomáticas
O Reino Unido vai usar sua presidência do G-8 para se concentrar na ameaça de terrorismo após os acontecimentos recentes na Argélia e Mali, segundo informou ontem o primeiro-ministro David Cameron.
O premiê britânico disse que a ameaça "em curso" da Al-Qaeda e outros extremistas no norte da África exige uma resposta urgente, e agora se sobrepõe àquela anterior oferecida pelos radicais do Afeganistão e do Paquistão.
"Vou usar nossa presidência do G-8 neste ano para garantir que essa questão do terrorismo, e o modo como nós responderemos a ela, esteja no topo da agenda, que é onde deve estar", afirmou Cameron em comunicado ao Parlamento sobre a crise com reféns na Argélia. O Reino Unido, disse o premiê, vai contribuir com ativos de inteligência e contra terrorismo para um "esforço internacional a fim de encontrar e desmantelar a rede que planejou e ordenou o ataque brutal" ao campo de gás In Amenas, na Argélia. Cameron também afirmou que irá trabalhar junto com o governo da Argélia para tirar lições do ataque, no qual três cidadãos ingleses foram mortos e outros três ainda estão desaparecidos. O premiê acrescentou que o Reino Unido também está fornecendo "transporte e ativos de vigilância" para ajudar a missão militar francesa no Mali, além de dois aviões de transporte que já foram enviados.
Soldados do Mali e da França retomaram ontem as cidades malianas de Diabaly e Douentza, que estavam sob o controle de combatentes islamitas, informou o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian.
Tropas dos dois países entraram em Diabaly na manhã de ontem. O local tem sido o foco de ataques aéreos e combates desde que foi tomada por islamitas, uma semana atrás.
Cerca de 200 soldados de infantaria franceses, com o apoio de seis helicópteros de combate e aviões de reconhecimento, tomaram Diabaly. A França disse que teve como alvo "veículos terroristas" em seis ataques nas últimas 24 horas. Em entrevista ao canal de televisão France-5 TV, Le Drian disse não ter conhecimento sobre vítimas civis.
Ele afirmou que os ataques resultaram em perdas "significativas", embora não especificadas, entre os militantes e disse que as forças francesas se envolveram apenas em pequenas "escaramuças" em solo.
Os acontecimentos no país levaram a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, a promover uma reunião internacional sobre a situação no Mali no dia 5 de fevereiro, em Bruxelas, informou ontem o porta-voz Michael Mann.
Participarão da reunião ministros de vários países envolvidos na crise do país africano. O encontro é organizado em conjunto com a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, na sigla em inglês), que devem liderar uma força internacional de 3 mil homens para lutar contra grupos militantes islâmicos.
A UE também anunciou ontem que estabeleceu um mecanismo de "câmara de compensação" em Bruxelas que vai facilitar o atendimento dos pedidos de apoio logístico da força internacional africana. Porém, a câmara de compensação é um dispositivo puramente voluntário e nenhum Estado da União Europeia (UE) é obrigado a cumprir suas disposições.
Mann também disse que o chefe da missão de treinamento para o Mali, general François Lecointre, deveria chegar ontem ao Mali. A UE está enviando uma missão de treinamento composta por cerca de 200 militares, além de uma força de proteção com várias centenas de soldados, para ajudar o Exército maliano.
Terroristas por trás do ataque no deserto do Saara são de vários países
Agência Estado
O primeiro-ministro da Argélia, Abdelmalek Sellal, informou ontem que 37 estrangeiros de oito nacionalidades diferentes foram mortos durante o cerco a um campo de gás natural no deserto do Saara, ocupado por um grupo islamita armado.
Abdelmalek Sellal contou que os sequestradores, liderados por um argelino, Mohammed Bencheneb, vieram do Egito, Canadá, Mali, Níger, Mauritânia e Tunísia e que três deles foram capturados.
O primeiro-ministro afirmou também que cinco reféns permanecem desaparecidos. As forças argelinas bombardearam e retomaram o controle do campo no sábado passado, quando pelo menos 85 trabalhadores argelinos e 107 estrangeiros foram libertados.
Em seu primeiro comentário público após quatro dias de combates, encerrados no sábado, Sellal revelou que sete das vítimas estrangeiras ainda não foram identificadas após o ataque de extremistas ligados à Al-Qaeda no deserto do Saara.
"É triste que vitimas inocentes tenham sido mortas em ataques terroristas", afirmou Sellal em entrevista a um canal de tevê.
De acordo com o premiê, 37 rebeldes fortemente armados entraram na Argélia vindo do Mali na quarta-feira da semana passada com o objetivo de capturar reféns estrangeiros no campo de gás natural In Amenas, localizado próximo à fronteira com a Líbia.
"O alvo principal do grupo de terroristas era sequestrar um ônibus que transportava trabalhadores estrangeiros, incluindo um diretor da BP, para o aeroporto e levá-los para o Mali como reféns a serem usados em negociações com países estrangeiros", contou Sellal.
O primeiro-ministro argelino disse que o grupo, que tinha em mãos uma grande quantidade de explosivos, pretendia também explodir o complexo de gás operado pela britânica BP, pela norueguesa Statoil e pela estatal de energia da Argélia.
As forças argelinas especiais, que cercaram o local, tentaram negociar com os rebeldes, mas quando o grupo disse o que queria, incluindo a libertação de rebeldes islamitas presos na Argélia, as negociações foram abandonadas.
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