Moscou pretende manter força de paz em regiões separatistas; Tbilisi os acusa de promoverem uma ocupação: violação do cessar-fogo mediado pela França em agosto| Foto: Levan Gabechava / Reuters

Na encosta de um morro da Ossétia do Sul, a Rússia construiu um quartel de tijolos e concreto que simboliza para a Geórgia e para o resto do mundo a sua intenção de permanecer por muito tempo nessa região separatista.

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Dois meses depois da breve guerra entre Rússia e Geórgia pelo controle da Ossétia do Sul, milhares de soldados permanecem ali e em outra república separatista georgiana, a Abkházia. Moscou os qualifica como uma força de paz, enquanto Tbilisi os acusa de promoverem uma ocupação.

Depois da guerra, a Rússia reconheceu a Abkházia e a Ossétia do Sul como países independentes, e por isso entende que não precisa retirar suas forças de lá para cumprir o cessar-fogo mediado pela França em agosto. A comunidade internacional em geral considera que as duas repúblicas continuam sendo território georgiano.

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Igor Konashenkov, assessor do comandante das forças terrestres russas, disse que não gosta de se referir ao quartel como "base", o que em russo transmite uma conotação temporária. "É uma guarnição", disse ele a jornalistas numa visita organizada pelos militares nesta semana. "Ela abrigará parte de um grupo militar de mais de 3.000 pessoas."

Nesta semana, as forças russas abandonaram as zonas-tampão que haviam ocupado em território incontestavelmente georgiano, junto às fronteiras com Abkházia e Ossétia do Sul, nas quais Moscou deve manter uma presença militar permanente.

O novo quartel fica num morro entre Tskhinvali, a capital sul-ossétia, e a fronteira com a Rússia. Ela pode receber uma brigada inteira (até 2.000 soldados), e a maioria das instalações foi construída depois da guerra de agosto.

O principal edifício tem seis andares de tijolo vermelho, com 24 janelas de cada lado, todas com vidros duplos - algo raro nas habitualmente espartanas instalações militares russas.

Numa tarde desta semana, soldados recebiam uma refeição com quatro pratos - sopa, salda, cozido de frango e frutas - numa nova cantina, com centenas de lugares.

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Ao contrário das estradas de terra que predominam na Ossétia do Sul, dentro do quartel os acessos são pavimentados com concreto.

Veículos blindados estavam estacionados diante da entrada do quartel, ao lado de quatro helicópteros de combate Mi-25, apelidados de "Crocodilos" pelos militares.

Contribuindo com a sensação de permanência, uma pérgola de madeira foi construída para servir de ponto de reunião para soldados de folga.