Tropas russas tomaram o controle da Base Aérea de Belbek, um dos últimos bastiões da Ucrânia na Crimea, após um ultimato dado aos comandantes da unidade para que entregassem o quartel ou mudassem de lado. Pelo menos seis carros blindados russos participaram do ataque, durante o qual foram feitos disparos e, segundo fontes citadas por um jornal ucraniano, um jornalista ficou ferido.
A televisão ucraniana informou que a base militar foi atacada com granadas atiradas por membros das chamadas autodefesas da Crimeia, às quais o governo da península deu o status de unidades militares.
O comandante da base, Yuli Mamchur, foi um dos primeiros a exigir uma decisão do Ministério da Defesa da Ucrânia quanto ao futuro dos militares ucranianos baseados na Crimeia. Ele admitiu que os soldados estavam conscientes de que não poderiam "resistir por muito tempo às tropas russas, "mais numerosas, mais bem armadas e preparadas".
O ministro da Defesa, Igor Teniuj, entretanto, disse que tal decisão cabe à cúpula política do país. "A situação na Crimeia é extremadamente tensa é o que informamos diariamente às autoridades. E, para resolvê-la, deve haver uma decisão dos dirigentes políticos do país", disse Teniuj.
O segundo comandante do Batalhão de Infantaria Marinha de Kerch, na Crimeia, Alexei Nikiforov, reclamou da omissão das autoridades ucranianas. "Nenhum representante do Estado-Maior visitou a unidade em todo esse tempo. Nenhum representante do Comando da Armada veio aqui desde o dia 1° de março", lamentou. O oficial ucraniano explicou que a maioria dos soldados de sua unidade, que ontem hasteou a bandeira russa, quer mudar de lado e servir à Marinha daquele país.
Diariamente, sucedem-se notícias sobre unidades, aeroportos e barcos ucranianos atacados e tomados por homens uniformados que se identificam como forças da Crimeia, e a reação de Kiev é quase inexistente, acrescentou Nikiforov.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que 54 dos 67 barcos da Armada da Ucrânia baseados na Crimeia mudaram de lado e agora respondem às forças navais russas. O governo russo informou também que 147 unidades e destacamentos ucranianos na Crimeia hastearam a bandeira da Rússia e que, "dos mais de 18 mil militares ucranianos que serviam nesse território, menos de 2 mil manifestaram vontade de voltar para a Ucrânia".
Por outro lado, a Rússia apelou hoje à União Europeia (UE) para recuperar a normalidade em suas relações bilaterais e lamentou as sanções impostas pelo bloco em represália pela reincorporação da Crimeia.
O ataque a Belbek registou-se horas depois que cerca de 200 homens desarmados entraram na base ucraniana em Novofedorivka, na parte ocidental da península.