O Exército da Síria invadiu nesta quinta-feira uma cidade do noroeste do país, perto da fronteira com a Turquia, um dia depois de as autoridades declararem que militares tinham saído da região, informaram ativistas. A ação realizada no início desta manhã em Saraqeb reflete a determinação do presidente Bashar Assad de esmagar o levante, apesar da crescente condenação internacional aos atos violentos promovidos pelo governo.
Na quarta-feira, os Estados Unidos impuseram novas sanções ao país e um grupo de diplomatas estrangeiros esteve em Damasco pedindo a Assad que encerre a violenta campanha contra os manifestantes que, segundo grupos de direitos humanos, já deixou cerca de 1.700 mortos desde meados de março.
O ataque à cidade é digno de nota porque o local fica numa província na fronteira com a Turquia. A região registrou intensos protestos contra o regime de Assad e nesta quinta-feira centenas de sírios fugiram para o país vizinho. O ministro de Relações Exteriores da Turquia enfatizou na quarta-feira suas críticas aos ataques.
Durante a invasão a Saraqeb, as tropas sírias detiveram pelo menos 100 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres. Explosões e tiros reverberaram pela área após a chegada do Exército, disseram os Comitês de Coordenação Locais, grupo ativista que ajuda a organizar e documentar os protestos.
A ação militar ocorreu um dia depois de o Ministério da Informação ter levado jornalistas locais à província de Idlib, onde fica a cidade de Saraqeb. Um graduado militar disse aos jornalistas que as tropas estavam se retirando para seus quartéis e saindo dos bairros residenciais das cidades da província. No mesmo dia, forças de segurança sírias mataram a tiros pelo menos 15 pessoas na cidade de Homs, segundo os Comitês.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que, na noite de quarta-feira, autoridades detiveram o opositor Hassan Zahra durante um ataque a um subúrbio de Damasco. Zahra, integrante de 67 anos da Frente de Ação Comunista, já havia sido detido pelo menos uma vez desde o início dos protestos, disse o grupo.