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Oriente Médio

Tropas turcas iniciam ofensiva militar na Síria após retirada dos EUA

Turcos se preparam para ofensiva na Síria
Soldados turcos preparam um veículo blindado enquanto as forças armadas turcas se dirigem para a fronteira com a Síria (Foto: BULENT KILIC/AFP)

As tropas turcas começaram uma ofensiva militar no nordeste da Síria nesta quarta-feira (9) para tomar a área de fronteira atualmente controlada pelos militantes curdos. De acordo com a BBC, aviões de guerra turcos bombardearam partes do nordeste da Síria - inclusive aéreas civis, segundo as forças curdas.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou o início da operação, chamada de "Primavera da Paz", no Twitter e disse que ela também terá como alvo o Estado Islâmico.

"Nosso objetivo é destruir o corredor do terror que está tentando ser estabelecido na nossa fronteira sul e trazer paz e paz para a região. Graças à zona segura que criaremos, garantiremos que os refugiados sírios retornem ao seu país. Protegeremos a integridade territorial da Síria e libertaremos o povo da região das garras do terror".

Um pequeno grupo de forças turcas entrou na Síria no início da quarta-feira em dois pontos ao longo da fronteira, perto das cidades sírias de Tal Abyad e Ras al-Ayn, em preparação para uma ofensiva mais ampla, disse um oficial turco, que falou sob condição de anonimato.

A ação acontece três dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os EUA não impediriam o ataque às forças aliadas.

As forças lideradas pelos curdos estavam em alerta máximo e pediram aos combatentes que seguissem à fronteira para defender a região contra a ofensiva turca, que deve envolver dezenas de milhares de soldados apoiados por tanques e veículos blindados do segundo maior exército da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A operação turca

A ofensiva turca no norte da Síria visa primeiro cercar cidades em uma faixa de território fronteiriço, antes de avançar para o sul, em um esforço para desmantelar qualquer chance de um estado curdo surgir na fronteira da Turquia, de acordo com duas autoridades turcas, que pediram anonimato para discutir assuntos militares sensíveis.

Os primeiros alvos serão as cidades sírias de Kobani, Tal Abyad e Ras al-Ayn, todas mantidas pelo YPG e localizadas ao longo da antiga ferrovia Berlim-Bagdá que, por centenas de quilômetros, forma a fronteira com a Turquia, segundo os oficiais.

Os militares pretendem penetrar pelo menos 30 quilômetros de profundidade no território sírio e garantir a rodovia M-4 que segue paralela à fronteira até o Iraque no leste, disseram eles. Erdogan estava ansioso para agir antes do início do inverno, que dificultaria a operação de tanques em terreno lamacento.

"O que agrava os riscos operacionais é a profunda desconfiança entre a Turquia e os EUA", disse Nihat Ali Ozcan, estrategista da Economic Policy Research Foundation, em Ancara. "A Turquia está muito preocupada se os EUA compartilharão informações com o YPG sobre as posições das tropas turcas para ajudá-los a se defender".

Os comandantes turcos esperam ser confrontados por um inimigo sofisticado depois que o YPG, endurecido pela batalha, foi armado pelos EUA e outros militares ocidentais para ajudar a combater o Estado Islâmico. Erdogan criticou Washington por apoiar os curdos, mas ele só prosseguiu com a operação depois que Trump tirou as tropas americanas do caminho.

Novos planos dos EUA

Em uma dramática reviravolta da política dos EUA, Trump disse a Erdogan, em um telefonema no domingo (6), que dezenas de tropas americanas que estavam trabalhando em estreita colaboração com as forças lideradas pelos curdos na luta contra o Estado Islâmico recuariam, efetivamente abrindo o caminho para um avanço turco.

A declaração da Casa Branca pareceu surpreender aliados em casa e no exterior. As Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, disseram que lutariam para defender seu "próprio povo", potencialmente abandonando a batalha contra o Estado Islâmico.

Trump foi alvo de críticas internas por sua decisão de entregar a responsabilidade pelos prisioneiros jihadistas, cerca de 12 mil, à Turquia, devido a preocupações de que o caos no nordeste da Síria possa permitir que membros do Estado Islâmico escapem e se reagrupem.

"A retirada dos nossos 50 soldados", disse Trump no Twitter nesta quarta-feira, "a Turquia DEVE assumir combatentes do EI capturados que a Europa se recusou a repatriar. As estúpidas guerras sem fim, para nós, estão terminando!". Cerca de 4 mil prisioneiros relacionados ao Estado Islâmico são estrangeiros.

Vários aliados de Trump, incluindo a senadora republicana Lindsey Graham, disseram que a medida foi "uma injeção de ânimo para os bandidos". Analistas disseram que uma retirada dos EUA poderia acabar beneficiando a Rússia, cuja intervenção militar ajudou a mudar a maré da guerra civil síria em favor do presidente Bashar al-Assad.

O grupo militante curdo YPG da Síria tem sido um parceiro dos EUA na luta contra o Estado Islâmico na Síria e tem dezenas de milhares de militantes terroristas capturados - e suas famílias - sob sua custódia em campos e centros de detenção no nordeste da Síria. Os EUA disseram que a Turquia seria responsável por esses detidos, mas não ficou claro se haveria um mecanismo para garantir que eles não escapassem e se reagrupassem.

A Turquia vê o YPG como uma ameaça devido ao seu vínculo com o PKK separatista, outro grupo curdo que o governo turco combate há décadas. É considerada uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

Fahrettin Altun, chefe de comunicações de Erdogan, havia escrito no Twitter na quarta-feira que as tropas turcas, juntamente com o Exército Sírio Livre, atravessariam a fronteira em breve.

"Os militantes do YPG têm duas opções: eles podem desertar ou nós os impediremos de perturbar nossos esforços contra o EI", escreveu ele.

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