O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, advertiu nesta quarta-feira (16) que as ameaças geradas por outros países contra a democracia canadense “são muito mais graves” do que já ocorreu, e apontou como exemplo o embaixador indiano por seu suposto envolvimento no assassinato de um sikh canadense.
Trudeau, que hoje está prestando depoimento perante uma comissão que investiga a interferência estrangeira na democracia canadense, declarou que “basta olhar para as manchetes desta semana para compreender a dimensão das atividades de interferência e seu impacto sobre os canadenses”.
Na última segunda (14), a Polícia Montada do Canadá acusou o embaixador indiano no país, Sanjay Kumar Verma, e cinco outros diplomatas de Nova Delhi de envolvimento no assassinato no Canadá do dissidente sikh Hardeep Singh Nijjar, bem como outros atos de violência.
Após a entrevista coletiva da Polícia Montada, o governo do Canadá anunciou a expulsão dos seis diplomatas. Em resposta, a Índia tomou a mesma ação contra o embaixador canadense em Nova Delhi e cinco outros diplomatas daquele país.
A Comissão sobre Interferência Estrangeira foi criada pelo governo canadense em 7 de setembro de 2023, após saber que China e Rússia, entre outros países, tentaram influenciar os resultados das eleições gerais de 2019 e 2021.
De acordo com vazamento de informações que surgiram na imprensa ao longo do ano passado, o governo do Canadá recebeu relatórios dos serviços de inteligência de que, nas eleições de 2019, a China forneceu dinheiro a 11 candidatos às eleições federais.
Além disso, a China supostamente influenciou, junto dos estudantes chineses residentes no país, a eleição de Han Dong, mais tarde eleito deputado, como candidato do Partido Liberal de Trudeau.
Após a publicação dessas informações, o Canadá expulsou, em maio de 2023, um diplomata chinês, acusado pelos veículos de comunicação do país de tentar intimidar um deputado do oposicionista Partido Conservador do Canadá, conhecido pelas suas críticas à China.
Em junho deste ano, uma comissão do Parlamento do Canadá afirmou em um relatório, baseado em dados fornecidos pelos serviços secretos, que deputados e senadores tinham colaborado com outros países para influenciar a política canadense.
Em um dos casos citados, vários deputados tentaram influenciar outros parlamentares em nome da Índia, ao mesmo tempo que forneciam informações confidenciais às autoridades indianas.
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