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Nações unidas

Trump acusa a China de interferir em eleições e mais três temas que dominaram a agenda da ONU

Donald Trump preside reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidos | Jeenah Moon/Bloomberg
Donald Trump preside reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidos (Foto: Jeenah Moon/Bloomberg)

Quatro temas ganharam força na manhã e começo da tarde desta quarta-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve à frente da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas e acusou a China de tentar interferir nas eleições de novembro. Também disse que o Irã não deve ser autorizado a ter armas nucleares. Estados Unidos e Rússia também não entendem sobre o futuro da Síria. E, em sua estreia, o novo dirigente cubano aproveitou para criticar os Estados Unidos, seguindo uma tradição, defender duas ditaduras - a Venezuela e a Nicarágua - e denunciar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção.

Trump acusa China de interferir nas eleições 

O presidente Donald Trump acusou diretamente a China de interferir nas eleições dos EUA, previstas para novembro, em retaliação à guerra comercial entre Washington e Pequim, marcando uma nova frente no aprofundamento das hostilidades que ameaçaram subverter as relações bilaterais. 

O presidente fez a denúncia durante o discurso de abertura na sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre a não proliferação de armas, afirmando que a China "vem tentado interferir na próxima eleição de 2018, em novembro, contra a minha administração. Eles não querem que eu vença porque sou o primeiro presidente a desafiar a China comercialmente e a estamos vencendo. Não queremos que eles se intrometam ou interfiram em nossa próxima eleição.” 

Trump não apresentou evidências de suas alegações. Seus principais assessores de segurança nacional disseram a repórteres em agosto que não tinham encontrado exemplos específicos de interferência de outros países que não a Rússia. Em seu discurso, Trump não mencionou a interferência russa. 

Posteriormente, em uma coletiva de imprensa organizada às pressas sobre "interferência chinesa", um alto funcionário do governo não ofereceu exemplos de atividade que constituíssem interferências específicas na eleição de 2018. Ele se limitou a dizer que a China prejudicou agricultores e trabalhadores em estados e distritos que votaram em Trump porque ele enfrentou as maneiras pelas quais a China tirou proveito do nosso país economicamente. 

A China descartou a denúncia. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, o país não interfere e não vai interferir nos assuntos internos de nenhum país. 

Trump  mira no Irã

O presidente americano, Donald Trump  não hesitou ao criticar o Irã, dizendo que um governo com o histórico do país "nunca deve ser autorizado a obter" uma arma nuclear. Uma nova rodada de sanções de Washington ao país persa está prevista para entrar em vigor no início de novembro. 

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que o Irã "continua trabalhando para cumprir as metas do acordo nuclear" e defendeu que uma estratégia de longo prazo seja construída pelos países para lidar com a questão iraniana. "Temos que continuar unidos no compromisso de não proliferação de armas nucleares", disse, durante seu discurso no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Falta de entendimento sobre a Síria

A batalha pelo futuro da Síria está nas Nações Unidas, onde os Estados Unidos e a Rússia entraram em confronto por causa dos planos do pós-guerra e buscam a aprovação do organismo mundial. A disputa tomou o lugar central na quarta-feira em uma reunião de ministros das Relações Exteriores em Nova York. 

A Rússia está pressionando a ONU para ajudar a encontrar fundos para a reconstrução da Síria. Os EUA insistem que o órgão estar supervisionando uma transição política para longe do governo de Bashar Assad.  "A Síria precisará de financiamento para a reconstrução", disse James Jeffrey, enviado especial dos EUA para o país, durante a reunião. "Mas o regime de Assad não deve obter ajuda até que entre em um caminho de genuína reforma política." 

A tensão já atingiu a Síria nesta semana. O presidente Donald Trump, dirigindo-se à Assembleia Geral da ONU na terça-feira, ameaçou novamente atacar o exército sírio se este usar novamente armas químicas. Ele pediu uma solução política que "honre a vontade do povo sírio". Os funcionários americanos criticaram os planos russos para entregar sistemas avançados de defesa antiaérea à Síria.  

O governo de Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irã, recuperou o controle de grande parte do país depois de mais de sete anos de guerra civil. Mas o avanço militar pode ter atingido seus limites, deixando a próxima fase para os diplomatas. 

Os EUA e seus aliados da União Europeia e do Golfo ainda estão buscando a saída de Assad, e rejeitando os apelos russos para ajudar na reconstrução até um acordo sobre o compartilhamento de poder na Síria. A ONU diz que a reconstrução da Síria poderia custar US$ 250 bilhões. 

Assim como os EUA, a União Europeia descartou ajudar a reconstruir a Síria controlada por Assad na ausência de conversas sobre mudanças políticas. A chefe da política externa do bloco, Federica Mogherini, pediu negociações políticas significativas sob os auspícios da ONU que levem a "uma Síria unida, democrática e inclusiva". 

A Rússia considerou as condições ocidentais de ajuda como inaceitáveis. O vice-chanceler russo, Sergei Vershinin, alertou os EUA na quarta-feira para que parem com suas "provocações perigosas”, ao ameaçar repetidamente usar a força em caso de ataque da Síria e da Rússia a região de Idlib. 

Como de costume, Cuba critica EUA e denuncia prisão de Lula 

O aguardado discurso de estreia do novo dirigente cubano, Miguel Díaz-Canel, na Assembleia da ONU não tratou de abertura econômica ou política em Cuba, mas veio recheado de farpas aos EUA e uma crítica ao que chamou de "prisão com fins políticos" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Díaz-Canel, que assumiu o poder em abril após uma sucessão planejada pelo ditador Raúl Castro, é o primeiro líder cubano que não integra a família Castro desde 1959. Usou sucintos 19 minutos, 7% dos históricos 269 minutos de duração do discurso do ditador Fidel Castro em 1960. 

"Denunciamos o encarceramento com fins políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão de impedir o povo de votar e eleger à Presidência o líder mais popular do Brasil", afirmou nesta quarta (26) Díaz-Canel, que, nascido em 1960, após a Revolução de 1959, faz sua primeira viagem aos EUA. 

Díaz-Canel também acusou o governo do americano Donald Trump de implantar uma "política imperialista" na América Latina e de atacar "com uma especial sanha" a Venezuela.  "Nesse contexto ameaçador, reiteramos o nosso absoluto respaldo à revolução bolivariana e chavista, à união cívico-militar do povo venezuelano e o seu governo legítimo e democrático, conduzido pelo presidente constitucional Nicolás Maduro", disse. 

O dirigente cubano disse rejeitar ainda as tentativas de desestabilizar o governo da Nicarágua, que definiu como "um país de paz" embora relatório da própria ONU indique que mais de 300 pessoas foram mortas pela repressão comandada pelo regime de Daniel Ortega desde abril deste ano, quando os protestos por sua saída se intensificaram. 

Díaz-Canel acusou o governo de Donald Trump de restabelecer a Doutrina Monroe, que vigorou no século 19 e representava o forte nacionalismo resumido na expressão "A América para os americanos".O líder cubano se juntou aos apelos para reformar o Conselho de Segurança da ONU, instrumento usado, segundo ele, pelos Estados Unidos para "impor sua agenda política".

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